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Religião é "motor" de engajamento
DA REPORTAGEM LOCAL
Além do baixo interesse pela
política, 2 em cada 3 paulistanos não costumam participar
de organizações e movimentos
sociais. Quando isso ocorre, a
maior parte diz fazer parte de
movimentos ligados à igreja
(25,7%), participa de encontro
de jovens ou casais (11,8%) ou
faz trabalhos voluntários ou comunitários (11,3%).
Em toda a cidade, apenas o
distrito de Anhangüera ultrapassou o percentual de 50% entre aqueles que têm alguma
participação social, com 56%.
Entre os campeões do associativismo estão alguns dos bairros com pior infra-estrutura.
Além de Anhangüera, aparecem Parelheiros e Marsilac.
Quanto mais central o bairro,
maior é o número das pessoas
que dizem fazer trabalho voluntário. Jardim Paulista, Consolação, Alto de Pinheiros, Saúde, Pinheiros e Perdizes lideram o ranking.
Segundo o DNA Paulistano,
entre as pessoas que dizem participar de movimentos ligados
à igreja a maioria é católica, seguida por evangélicos pentecostais. Parte das igrejas pentecostais acredita que Deus provê
bens materiais para os fiéis e
cura os crentes. Os católicos
são maioria nos movimentos
sociais em 82 dos 96 distritos.
O professor titular de sociologia da USP Flávio Pierucci,
especialista em religião, diz que
há igrejas que ajudam a levar
cursos e outras atividades em
áreas carentes, além de estimular debates políticos.
Mas, segundo ele, é preciso
fazer uma distinção entre participação política e eventos sociais. "A partir dos dados, dá para ver que o catolicismo ainda
tem uma força mobilizadora ligada à idéia de cidadania, interessado em melhorar as condições das regiões", diz Pierucci.
"Os evangélicos podem aparecer mais mobilizados em política eleitoral, para eleger representantes. Além disso, normalmente a força do evangélico
pentecostal está mais associada
ao indivíduo, como pedidos por
cura, emprego etc. É mais voltado para salvação individual."
Para a cientista política Maria do Socorro Braga, da UFSCar, em um sistema estável, a
participação se dá na tentativa
de conseguir melhorias locais.
"Com a democracia mais estável, as pessoas participam
pensando em conseguir diferentes formas de retorno, como
melhorias nas regiões. Isso não
significa que o interesse pela
política seja alto. Mas é preciso
pensar o que é esse interesse na
política. É ler jornal? Assistir ao
programa eleitoral? Ou participar de alguma forma de associação?", questiona.
"E é possível pensar que
quanto menor atuação ou conhecimento de meios para
atingir o poder público, a região
fica com menos possibilidade
de cobrar melhorias."
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