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Saúde/educação
Candidatos prometem 3º hospital onde têm menos voto
Unânimes na promessa de dois hospitais, candidatos dizem que farão o terceiro em regiões onde
não vão bem eleitoralmente
DA REPORTAGEM LOCAL
Unânimes na promessa dos
hospitais da Brasilândia (zona
noroeste) e de Parelheiros (extremo sul), Marta Suplicy (PT),
Gilberto Kassab (DEM) e Geraldo Alckmin (PSDB) propõem um terceiro hospital público em regiões da cidade onde
não vão bem eleitoralmente.
Em Parelheiros e na Brasilândia, as promessas atendem
aos anseios da população, que
reclama da falta de hospitais.
No primeiro caso, os moradores deram a segunda pior nota
da cidade (1,8) para a presença
de hospitais públicos. A Brasilândia ficou em 12º lugar (2,9).
A diferença entre as propostas aparece no terceiro hospital. Marta promete outra unidade na zona norte, para atender ao Jaçanã (14ª pior nota,
3,2) e ao Tremembé (34ª pior
nota, 3,7). Na região, a petista
tem menor intenção de votos
do que os dois principais adversários, 16%, contra 41% de Kassab e 25% de Alckmin, segundo
o mais recente Datafolha.
Alckmin promete um hospital em São Mateus, que tem a
51ª pior nota (4,1). No extremo
leste, o tucano tem seu pior resultado (13%). A petista tem
49% e o atual prefeito, 22%.
Kassab também faz uma promessa que atenderá prioritariamente ao extremo leste.
Apesar de o hospital ficar em
Artur Alvim (16ª pior nota, 3,3),
na zona leste, o bairro está muito mais próximo da fronteira
com o extremo leste, onde Kassab e Alckmin não vão bem.
Na parte inicial da zona leste,
o prefeito vence os adversários
por 33%, contra 21% de Marta e
21% de Alckmin.
Com base nas propostas, o
prefeito eleito deixará de atender regiões que só são cobertas
pelos projetos dos adversários.
Além disso, todos os candidatos ignoram regiões populosas.
Com 285 mil pessoas, Perus,
Anhangüera e Jaraguá permanecerão sem hospitais, assim
como Jardim Helena, Vila Curuçá e Lajeado (extremo leste),
com 488 mil habitantes.
Socorro aos vizinhos
Mas é Marsilac (extremo sul)
a região que dá a pior nota para
a presença de hospitais públicos (1,5). Para atender ao local,
os candidatos propõem o hospital de Parelheiros, que ficará
a cerca de 10 km de distância.
Morador de Marsilac, o aposentado Antonio Pedro de Carvalho, 72, é uma espécie de motorista de ambulância para os
vizinhos. Exceto pela ambulância. Hoje, ele leva quem precisa
de atendimento em seu gol preto. Mas já fez o trajeto até o hospital do Grajaú, que fica a 20
km de distância, em sua Brasília. Há dois anos, chegou a ganhar uma ambulância, mas diz
que teve que vendê-la porque o
seguro era muito caro e tinha
sofrido ameaças de roubo.
"O pessoal vem aqui ou me liga e eu vou socorrer", diz.
"Quantas vezes deixaram gente
esperando. Socorri uma grávida e a bolsa dela tinha estourado. Quando me chamaram, ela
já havia pedido uma ambulância havia três horas. Quando
cheguei ao Grajaú, a criança já
estava morta."
(FERNANDO BARROS DE MELLO E EVANDRO SPINELLI)
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