São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Saúde/educação

Candidatos prometem 3º hospital onde têm menos voto

Unânimes na promessa de dois hospitais, candidatos dizem que farão o terceiro em regiões onde não vão bem eleitoralmente

DA REPORTAGEM LOCAL

Unânimes na promessa dos hospitais da Brasilândia (zona noroeste) e de Parelheiros (extremo sul), Marta Suplicy (PT), Gilberto Kassab (DEM) e Geraldo Alckmin (PSDB) propõem um terceiro hospital público em regiões da cidade onde não vão bem eleitoralmente.
Em Parelheiros e na Brasilândia, as promessas atendem aos anseios da população, que reclama da falta de hospitais. No primeiro caso, os moradores deram a segunda pior nota da cidade (1,8) para a presença de hospitais públicos. A Brasilândia ficou em 12º lugar (2,9).
A diferença entre as propostas aparece no terceiro hospital. Marta promete outra unidade na zona norte, para atender ao Jaçanã (14ª pior nota, 3,2) e ao Tremembé (34ª pior nota, 3,7). Na região, a petista tem menor intenção de votos do que os dois principais adversários, 16%, contra 41% de Kassab e 25% de Alckmin, segundo o mais recente Datafolha.
Alckmin promete um hospital em São Mateus, que tem a 51ª pior nota (4,1). No extremo leste, o tucano tem seu pior resultado (13%). A petista tem 49% e o atual prefeito, 22%.
Kassab também faz uma promessa que atenderá prioritariamente ao extremo leste. Apesar de o hospital ficar em Artur Alvim (16ª pior nota, 3,3), na zona leste, o bairro está muito mais próximo da fronteira com o extremo leste, onde Kassab e Alckmin não vão bem.
Na parte inicial da zona leste, o prefeito vence os adversários por 33%, contra 21% de Marta e 21% de Alckmin.
Com base nas propostas, o prefeito eleito deixará de atender regiões que só são cobertas pelos projetos dos adversários. Além disso, todos os candidatos ignoram regiões populosas. Com 285 mil pessoas, Perus, Anhangüera e Jaraguá permanecerão sem hospitais, assim como Jardim Helena, Vila Curuçá e Lajeado (extremo leste), com 488 mil habitantes.

Socorro aos vizinhos
Mas é Marsilac (extremo sul) a região que dá a pior nota para a presença de hospitais públicos (1,5). Para atender ao local, os candidatos propõem o hospital de Parelheiros, que ficará a cerca de 10 km de distância.
Morador de Marsilac, o aposentado Antonio Pedro de Carvalho, 72, é uma espécie de motorista de ambulância para os vizinhos. Exceto pela ambulância. Hoje, ele leva quem precisa de atendimento em seu gol preto. Mas já fez o trajeto até o hospital do Grajaú, que fica a 20 km de distância, em sua Brasília. Há dois anos, chegou a ganhar uma ambulância, mas diz que teve que vendê-la porque o seguro era muito caro e tinha sofrido ameaças de roubo.
"O pessoal vem aqui ou me liga e eu vou socorrer", diz. "Quantas vezes deixaram gente esperando. Socorri uma grávida e a bolsa dela tinha estourado. Quando me chamaram, ela já havia pedido uma ambulância havia três horas. Quando cheguei ao Grajaú, a criança já estava morta." (FERNANDO BARROS DE MELLO E EVANDRO SPINELLI)


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