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Violência/lazer
Combate à violência ignora problema específico de cada bairro
Para tenente da PM e especialista, atendimento de infra-estrutura básica, como asfaltamento e iluminação, além de lazer, ajudam ação policial
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seus programas de governo, os principais candidatos
à Prefeitura de São Paulo propõem combater a violência sobretudo com mais iluminação
nas ruas, câmeras de vídeo e reforço da Guarda Civil Metropolitana, mas não entram no debate de como o governo municipal pode colaborar com a redução da criminalidade levando em conta a especificidade
das regiões mais violentas.
Dados da pesquisa DNA Paulistano, realizado pelo Datafolha, apontam que algumas das
áreas da cidade com maior demanda de infra-estrutura básica -como manutenção das
ruas, asfaltamento, iluminação
pública e áreas de lazer- têm
maior risco de violência.
Para a Polícia Militar e especialistas em segurança pública,
se a administração municipal
cuidar da manutenção da cidade e da organização urbana das
áreas com maiores índices de
violência, o combate à criminalidade poderá ser facilitado.
"Homicídios acontecem nos
locais onde o poder público efetivamente não está presente",
diz o primeiro-tenente Pedro
Luís de Souza Lopes, porta-voz
do comando do policiamento
da capital paulista. Na opinião
de Souza Lopes, o discurso de
que a responsabilidade pela segurança pública é de competência exclusiva do governo estadual não é verdadeiro.
"É importante que a prefeitura participe da prevenção da
criminalidade de uma forma
estrutural, que a gente chama
de prevenção primária. O município vai atuar dando saneamento básico, infra-estrutura.
Todas essas ações que implicam controlar os indicadores
de desordem são fundamentais
para a prevenção da violência."
Paula Miraglia, diretora-executiva do Ilanud (Instituto Latino Americano das Nações
Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente), diz que as propostas
dos candidatos para o combate
à violência deixam de explicitar
detalhes sobre implementação,
custos e metas. "O eleitor recebe idéias que ficam na superficialidade e se parecem umas
com as outras."
Miraglia disse que propor
apenas a melhoria da iluminação é "um salto brusco que provoca a inteligência do eleitor".
Para ela, o debate relevante é
sobre melhorias urbanas, promoção de convivência pacífica
e prevenção da violência.
A melhoria da infra-estrutura não impediria apenas o crime de homicídio. Poderia ajudar a combater, também, crimes contra o patrimônio.
Um exemplo é o distrito do
Jaçanã, onde o risco de violência é o maior da cidade (34%
dos moradores sofreram algum
tipo de violência ou conhecem
alguém que tenha sido assassinado nos últimos 12 meses). O
Datafolha apontou que os moradores do bairro reclamam
bastante da falta de áreas de lazer (nota 3,3, em uma escala de
0 a 10), da conservação das ruas
e avenidas (nota 5,1) e da iluminação pública (4,6).
Odair de Oliveira, vice-presidente do Conseg (Conselho de
Segurança) do Jaçanã, diz que
boa parte dos crimes cometidos no "centro" do distrito tem
como autores moradores de
áreas com pior infra-estrutura,
principalmente os bairros Jardim Filhos da Terra, Jardim
Ebron e Jowa Rural.
"Um levantamento de ocorrências mostrou que 90% dos
presos eram daquela região",
disse Oliveira, citando um estudo do Conseg há cerca de cinco
anos com base em registros do
73º Distrito Policial (Jaçanã).
Capão Redondo, no extremo
sul, é outro exemplo. O risco de
violência no distrito é de 30% e
a avaliação dos serviços de iluminação pública, conservação
de ruas e avenidas e oferta de
áreas de lazer é baixíssima. O
mesmo ocorre em Guaianases
(extremo leste), com risco de
violência de 23%, e Brasilândia
(noroeste), com 22%.
(EVANDRO SPINELLI)
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