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DISPUTA ENTRE PODERES
Genoino diz que caso Anaconda dá impulso à idéia
Petistas querem acelerar a reforma do Judiciário
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Executiva Nacional do PT,
reunida ontem em Brasília, decidiu iniciar uma ofensiva para acelerar a tramitação da reforma do
Judiciário no Congresso. Um dos
pontos-chave é tentar instituir
um controle externo sobre o Poder, proposta que encontra forte
resistência entre magistrados.
"O partido vai tomar uma posição mais ofensiva, de maior articulação, para viabilizar alguns
pontos da reforma do Poder Judiciário no Senado e trazer para a
Câmara outros pontos divergentes", afirmou Genoino.
Ele disse que o recente episódio
envolvendo suspeita de corrupção entre juízes -o caso Anaconda, deflagrado por investigação
da Polícia Federal e do Ministério
Público- representa um impulso para a idéia de discutir a reforma do Judiciário.
"Esses fatos últimos mostram a
necessidade de uma reforma do
Judiciário que resgate seu prestígio", afirmou o presidente do PT.
No caso investigado pela Operação Anaconda, juízes fariam parte
de um esquema montado para
inocentar criminosos. Policiais
deixariam brechas nos inquéritos
para possibilitar a absolvição.
"O Brasil quer um Poder Judiciário forte, mas sem determinados escândalos como estão acontecendo. Está na hora de o Poder
Judiciário encarar isso de frente",
afirmou Genoino.
Apesar das declarações, a possível "ofensiva" só começaria no
ano que vem, já que as reformas
tributária e da Previdência estão
ainda em tramitação no Senado.
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, esteve na reunião,
mas não falou com os jornalistas.
Judiciário e Executivo estão
com as relações estremecidas desde abril, quando Lula disse que
era preciso abrir a "caixa-preta"
daquele poder. As desavenças se
acirraram com o envio da proposta de reforma previdenciária, que
pedia o fim da aposentadoria integral dos juízes.
A reação mais pesada partiu do
presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Maurício Corrêa,
que criticou o "centralismo stalinista" do governo e os "impropérios", as "manipulações políticas"
e o "deslumbramento" de Lula.
Além de pontos da reforma que
constam do projeto em tramitação no Senado, há uma secretaria
da reforma do Judiciário funcionando no Ministério da Justiça.
Reforma política
Genoino disse também que outra prioridade do PT é dar fôlego,
no ano que vem, à reforma política, apesar de 2004 ser ano eleitoral. Segundo ele, entre os pontos a
serem discutidos está o financiamento público de campanha.
As mudanças, se aprovadas, só
valeriam para as eleições de 2006,
já que mudanças na legislação
eleitoral precisam ser aprovadas
com pelo menos um ano de antecedência.
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