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JANIO DE FREITAS
Visões reduzidas
Às vezes, e com frequência
cada vez maior, é preciso
suspeitar que os principais dirigentes do governo não percebem
mais as contradições em que estão envolvidos. Ou pelas sensações excessivas do seu êxito eleitoral e social, ou pela idéia inflada que façam da sua condição
de portadores do poder, sabe-se
lá se ainda por outras causas,
suas percepções parecem perturbadas por uma catarata mental
que desfoca e desfigura até obviedades.
A presença inicial é muito bem
percebida. Como se nota de observações à maneira desta, feita
por Luiz Inácio Lula da Silva na
semana passada: "Em nome de
uma integração necessária do
Brasil no mundo, governantes
tornaram nosso país extremamente vulnerável aos movimentos capitais especulativos e às
pressões das forças políticas que
os sustentam".
A imagem inicial está adequadamente captada. Mas trazê-la
ao foco necessário, a imagem
nas formas e cores atualizadas e
nítidas, isso não ocorre. "Tornaram nosso país extremamente
vulnerável", sim, mas o que foi
feito, ao longo deste ano que vai
chegando ao fim, para acabar de
fato com tal vulnerabilidade? Ou
o que a mais ameaça com vulnerabilidade do que economia estagnada e, portanto, dependente
de grandes empréstimos sempre
repetidos e da sedução de "investimentos" estrangeiros, com juros recordistas que mais aprofundam o círculo vicioso da estagnação econômica?
É o Lula ainda em campanha.
Não, não é só isso. Nem só ele. José Dirceu, também com plenas
condições para representar o governo, na mesma ocasião constatava que o crescimento de 1%
neste ano não atende ao que
chamou de "urgência dos famintos e dos miseráveis". E concluía:
"O tempo conspira contra nós".
E quem, senão o núcleo do governo integrado também por José Dirceu, emparedou-se contra
o exame de qualquer sugestão de
política que, sendo antiinflacionária, estimulasse crescimento
menos imoral do que o aceito pelo governo?
Luzes
A ministra Dilma Roussef (Minas e Energia) oferece pormenorizadas explicações, aqui necessariamente sintetizadas, para
dados e críticas publicados em
nota no domingo.
Sobre a estudada compra de
energia argentina, ao dobro do
preço brasileiro, para Estados do
Sul, não há risco de racionamento, porque há sobra de energia
térmica. Na ordem de preferências para socorrer-se de baixa
excessiva dos reservatórios, como a provocada pela seca anormal do rio Iguaçu, energia hídrica tem precedência, por seu melhor preço, sobre a térmica. No
caso, é a energia hídrica argentina. Chuvas já melhoram os reservatórios.
Sobre a futura compra, pela
Light, de energia muito mais cara que a ofertada por Furnas,
com mais um aumento de custo
para os consumidores, a legislação decorrente da privatização
concedeu às distribuidoras, como a Light, o direito de comprar
até 30% da energia em produtoras suas, com base em um "preço
teórico" ainda por cima premiado com 11,5% de bônus.
Sobre os serviços da Light, estão, de fato, entre os piores. A
empresa serviu de plataforma
para a compra da Eletropaulo,
por R$ 1 bilhão, ainda não quitados, em prejuízo do investimento em seus serviços. Suas falhas já lhe causaram R$ 25 milhões em multas, neste ano.
Uma novidade: até o fim deste
ano deve ser apresentado um
novo modelo para o sistema
energético, do qual, segundo o
previsto, decorrerá certa proteção para o consumidor domiciliar.
Saneamento
Pelos próximos 12 dias, este espaço estará entregue a melhor
sorte que a habitual.
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