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JANIO DE FREITAS
O melhor
Venceu o melhor -o melhor para um país que fez
toda a disputa entre seus dois
possíveis presidentes discutindo
qual deles servia melhor para a
guerra.
Para as inquietações do mundo, mais significativa do que a
vitória de George Bush é a vasta
vitória dos republicanos no Senado e na Câmara dos Representantes. Já minoritários, os
democratas tornam-se pouco
menos do que inutilizados em
sua inexpressividade para deter
ou atenuar, no Congresso, o
prosseguimento dos excessos
presidenciais. George Bush, com
tamanha maioria, estará de
mãos livres.
Não é certo que, com John
Kerry, a ONU pudesse fortalecer-se. Mas é desanimadoramente certo que, na vitória de
George Bush, a ONU colhe uma
derrota imensa. Talvez a maior,
em termos políticos, de sua história, considerando-se os prenúncios que obriga a admitir.
Tanto mais o mundo precisa da
ONU quanto menos a ONU convém ao exercício do poder norte-americano.
A conduta da imprensa poderá ser um fator que compense,
em medida ao menos razoável,
o fracasso dos democratas para
compor a oposição. Boa parte
da imprensa importante adotou
publicamente a candidatura
Kerry. O provável é que, ao seu
constrangimento pela atitude
leviana com que se sujeitou à
política belicista e falaciosa de
Bush, some agora mais um motivo para empenhar-se na vigilância que só há pouco passou a
exercer sobre os métodos de
Bush e seus associados. A imprensa norte-americana sabe e
sente as responsabilidades negativas que lhe pesam desde a
sujeição que aceitou a partir do
11 de setembro, e a busca da reabilitação ética (e jornalística,
portanto) em relação ao governo pode resultar em controles
positivos.
O desastre dos candidatos democratas ao Congresso contribuiu, por certo, para a derrota
de John Kerry: é evidente que
lhe faltaram candidatos capazes
de fortificar suas bases eleitorais
na maioria dos Estados. Nessa
medida, os candidatos democratas ao Congresso foram importantes para a vitória republicana de Bush. E receberam, na
derrota, o prêmio pela política
acovardada que adotaram nos
últimos anos, contribuindo para aprovar (inclusive com votos
de Kerry) a invasão do Iraque e
as medidas correlatas, que agora atacaram na campanha eleitoral.
Ao vencedor, as bombas.
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