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RESSACA ELEITORAL
Na volta ao Congresso após o 2º turno, senador acusa Costa de roubo e vê uso de dinheiro público nas eleições
Derrotado, ACM ataca ministro e até Lula
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal assistiu ontem à primeira amostra das dificuldades que terá que enfrentar
devido à insatisfação pós-eleitoral
de aliados. No primeiro dia de trabalho do Congresso após o segundo turno, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) acusou o
ministro da Saúde de roubo e tornou público seu rompimento
com o Planalto ao dizer que os cofres federais patrocinaram uma
campanha "sórdida" na Bahia.
ACM desferiu ataques durante
aparte que fez no plenário do Senado ao discurso de Cesar Borges
(PFL-BA), derrotado na disputa
pela Prefeitura de Salvador.
"Vossa excelência foi vítima de
uma campanha sórdida, cínica
[por parte] do governo federal. De
todos os setores, sendo que o mais
cínico foi o vampiro, o vampiro
que não presta conta das coisas
que fez, roubando até mesmo o
fornecimento de sangue do povo
brasileiro", disse ACM.
Ele se referia a Humberto Costa,
ministro da Saúde, e à Operação
Vampiro, da Polícia Federal, que
prendeu, em maio, 17 pessoas
acusadas de fraudar licitações para compra de medicamentos.
"E ele trouxe a equipe própria
do seu Estado para roubar melhor, mas foi descoberto", acrescentou ACM. Entre os presos estava o ex-assessor de confiança do
ministro Luiz Cláudio Gomes da
Silva. Costa foi o principal alvo
dos ataques por ter participado da
campanha de adversários de
ACM na Bahia.
"Ele não presta contas de como
se encontra a situação daqueles
que foram pegos roubando fornecimento de sangue ao povo brasileiro. Isso ele tem que fazer. A incompetência dele está provada
em Pernambuco e aqui, inclusive
como parlamentar", disse ACM.
O senador baiano vinha sendo
um dos principais aliados do governo no Congresso, já que controla três votos no Senado, tem ascendência sobre cerca de 30 deputados federais e liderava a ala pefelista aliada ao governo. Essa influência se mostrou fundamental
para a aprovação das reformas
propostas por Lula em 2003.
Semanas antes das eleições,
ACM, Borges e mais quatro senadores do PFL, além de um do
PSDB, jantaram com o presidente
na casa do ministro José Dirceu
(Casa Civil), em uma demonstração de que ambos os lados andavam afinados. O encontro, explorado por Borges na campanha, irritou seu adversário em Salvador,
Nelson Pellegrino (PT).
A boa relação não resistiu, porém, ao embate eleitoral. Ontem,
o senador baiano direcionou sua
artilharia também ao presidente
Lula, a quem classificou de omisso por ter supostamente permitido o uso de dinheiro público nas
campanhas. "Se ele continuar
com ministros como o da Saúde e
outros tantos incapazes em seu
ministério, o seu fim será muito
mais triste do que ele pensa."
Segundo Borges, as eleições serviram para unir o PFL na oposição a Lula. "Felizmente o PFL viu
que não há como ter condescendência com um governo que usa
todas as armas para ganhar eleições, inclusive atingindo aliados."
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), divergente de
ACM dentro da sigla, disse subscrever a acusação do uso da máquina pública em prol de aliados.
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