São Paulo, sexta-feira, 04 de novembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS PROVAS

Estatal afirma que recursos foram aplicados em publicidade; advogado de Valério nega uso de dinheiro público em caixa dois

BB diz que não compactua com desvios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil divulgou nota ontem na qual afirma que "não compactua e condena eventuais desvios que possam ter ocorrido" na aplicação de recursos destinados à publicidade dos cartões de crédito e de pagamento da estatal, que usa a bandeira Visa.
O banco insiste em que repassou recursos do Fundo de Investimento Visanet à DNA para pagar serviços de marketing e comunicação e confirma que já notificou extra-judicialmente a DNA na semana passada a prestar contas de R$ 9,1 milhões -volume para o qual não haveria comprovação de prestação de serviços. "Encontra-se pendente de conciliação a aplicação desses recursos em ações de marketing referentes a projetos autorizados pelo BB", diz a nota.
Segundo o banco, encontra-se em "fase avançada" a auditoria interna aberta para apurar as ações de publicidade da estatal. O contrato do Banco do Brasil com a DNA foi rompido em 15 de julho, em razão do envolvimento da agência na crise política. "Os recursos provenientes do Fundo de Incentivo Visanet, constituído em 2001, foram investidos em campanhas publicitárias, eventos promocionais, patrocínios e ações de marketing esportivo e cultural ou outras ações de oportunidade destinadas a promover o cartão de crédito", diz ainda a nota.

PT e Valério
O PT não quis fazer comentários sobre o anúncio da CPI. Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente do partido, Ricardo Berzoini, afirmou que "o PT não tem informação nenhuma sobre isso [suposto desvio de recursos do BB] e, portanto, não tem o que comentar".
Por meio do advogado Marcelo Leonardo, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza negou ontem que tenha desviado recursos públicos para financiar o caixa dois do PT.
Segundo o advogado, os pagamentos de contratos publicitários entram no caixa da agência DNA, mas não ficam "carimbados".
"Uma eventual coincidência de datas [entre os pagamentos do Banco do Brasil e os empréstimos bancários que supostamente teriam financiado o caixa dois do PT] não significa desvio de dinheiro", insistiu o advogado. "Esse é mais um assunto requentado pela CPI, que está numa fase sem novidade, preocupada em mostrar serviço", criticou Leonardo.

Visanet
Também por meio de nota, a Companhia Brasileira de Meio de Pagamento, que controla a Visanet, informou que apenas "cumpriu determinações" de pagamento do Banco do Brasil:
"O uso dos recursos relativos à quota do Fundo de Incentivo alocada ao Banco do Brasil teve sua aplicação a cargo do Banco do Brasil. (...) [O banco], que é um dos acionistas da empresa, indicou a DNA Propaganda como a agência responsável por suas campanhas publicitárias na promoção dos seus cartões de crédito e débito", sustenta a nota.
"A Visanet reitera que sempre trabalhou de forma transparente, dentro de todas as regras do Fundo de Incentivo, e esclarece ainda que cumpriu com as determinações de pagamento do próprio Banco do Brasil, conforme documentação apresentada pelo banco", reforça a nota da Visanet.

DNA
A DNA, por meio da assessoria de imprensa, informou que o repasse adiantado de recursos do Fundo Visanet não favoreceu a empresa de publicidade.
"A verba Visa é repassada adiantadamente às agências, que abrem uma conta bancária especial para abrigá-la, com periódicas prestações de contas", informa a agência.


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