São Paulo, sexta-feira, 04 de novembro de 2005

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Versão apresenta pontos obscuros desde o princípio

DA REDAÇÃO

O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) deu a senha, em entrevista à Folha publicada em 12 de junho: o dinheiro que abasteceria o "mensalão" viria, em parte, de superfaturamento de contratos de estatais.
O operador seria o publicitário Marcos Valério de Souza. Os beneficiários, membros da base aliada do governo. O articulador, o ex-tesoureiro Delúbio Soares, avalizado pela cúpula do PT.
Após idas e vindas, tanto o publicitário quanto a nata do partido divulgaram a seguinte versão para a movimentação de recursos: Valério tomou empréstimos junto aos bancos Rural e BMG, repassou-os ao PT (cerca de R$ 55 milhões), que distribuiu a parlamentares para fechar as contas de campanhas eleitorais.
Desde o início, essa versão registra pontos que ainda são alvo de investigação:
1º) O publicitário e o PT rolaram os empréstimos pelo menos 30 vezes desde 2003. As dívidas não pagas alcançariam, com juros, mais de R$ 100 milhões. Mesmo assim, os bancos credores aceitaram as sucessivas renegociações. Apenas cerca de 5% do total devido foi amortizado no período;
2º) Só em junho deste ano as empresas de Valério apresentaram uma retificação à Receita Federal, com os empréstimos para supostamente financiar o PT;
3º) O Banco Central enviou documentos para as CPIs reconhecendo eventual descumprimento de normas regulares na operação.
De onde viria o dinheiro, então? A apuração tem várias frentes. O que já foi descoberto revela que Valério não era um desconhecido das estatais. No governo Lula, as duas agências do publicitário aumentaram o valor e o total de contratos mantidos com órgãos públicos.
Em um dos casos, o do Banco do Brasil, o contrato foi renovado em 2003, mesmo após auditoria interna constatar irregularidades em ao menos 15 projetos de publicidade realizados pela DNA -de Valério. O acordo só foi rompido em julho.


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