São Paulo, sexta-feira, 04 de novembro de 2005

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Ex-diretor de Marketing diz que não tinha poder para contratar agências

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, rebateu as acusações de favorecimento à DNA, agência da qual Marcos Valério de Souza era sócio. Por meio de seu advogado, Mário de Oliveira Filho, ele lembrou que não tinha poder individual para contratar agências de publicidade.
"Quem cuida disso no Banco do Brasil são comitês, cujo número de integrantes varia de acordo com o valor do contrato", afirmou Oliveira Filho.
"Além disso, todas as empresas da área de propaganda e marketing participaram de licitação. A DNA, inclusive, trabalhava com o banco anos antes de o Pizzolato assumir a diretoria."
O advogado disse ainda que a indicação da DNA para atender a Visanet aconteceu por conta de um sistema de rodízio adotado pelo banco. "Tudo isso é muita fumaça e pouco fogo. Pizzolato dispõe de documentos para comprovar que nunca agiu sozinho", completou Oliveira Filho.
Pizzolato está afastado do Banco do Brasil desde julho, quando pediu para se aposentar. Militante petista desde a fundação do partido, teve a missão de contatar empresários para conseguir contribuições à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. Mais tarde, participou da equipe de transição do governo.
O ex-diretor de Marketing do BB também era presidente do Conselho Deliberativo da Previ até julho. Deixou o cargo ao se aposentar. Naquele mês, concedeu uma entrevista à Folha dizendo haver ingerência do Planalto sobre os diretores da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB. Por conta disso, rompeu com petistas ligados ao Planalto e ao movimento sindical.

Escândalos
Tido como bom estrategista, mas polêmico, Pizzolato foi pivô de uma série de escândalos no período em que atuou como diretor do BB. O primeiro foi em meados de 2004, quando se tornou pública a denúncia de que o banco havia desembolsado R$ 70 mil na compra de mesas para um show de Zezé de Camargo e Luciano. O evento havia sido promovido com o objetivo de angariar fundos que serviriam à compra da nova sede do PT.
Neste ano, Pizzolato foi acusado de usar o cartão de crédito corporativo para custear despesas com sites pornográficos na internet. Houve também a revelação de que um motorista da Previ, a mando do ex-diretor de Marketing do BB, havia sacado R$ 326 mil de uma conta da DNA no Banco Rural. Pouco depois, Pizzolato teria comprado um apartamento e pago parte do valor do imóvel à vista, em dinheiro.
À Folha Pizzolato negou a veracidade das três acusações. Disse não ter agido para angariar fundos para o PT no episódio do show e que jamais usou o cartão fora das prerrogativas estritas de trabalho.
Pizzolato afirmou, por fim, que apenas fez um favor a um dos sócios da DNA ao mandar buscar um pacote. Segundo o ex-diretor de Marketing do BB, ele não sabia que havia dinheiro no pacote e não ficou com o envelope, que teria sido entregue a um emissário da DNA.


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