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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ VALE-TUDO
Mais quatro parlamentares reclamam de estar sendo vigiados, entre eles dois petistas; advogado de Dirceu também levanta suspeitas
Aldo pede à PF que investigue grampos
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As denúncias de parlamentares
que apuram o escândalo do
"mensalão" de que suas conversas telefônicas estão sendo monitoradas -os chamados grampos- se alastraram ontem pelo
Senado, provocaram varredura
nas salas do Conselho de Ética da
Câmara e geraram reação do presidente da Câmara, Aldo Rebelo
(PC do B-SP), que pediu apuração
à Polícia Federal.
Ontem, mais três senadores
-Álvaro Dias (PSDB-PR), Heloísa Helena (PSOL-AL) e Paulo
Paim (PT-RS)-, além da deputada Ângela Guadagnin (PT-SP), ligada ao ex-ministro José Dirceu
(PT-SP), reclamaram que suas
chamadas telefônicas estão sendo
rastreadas, ampliando para nove
o número de parlamentares que
se queixaram de estarem sendo
vigiados. A maioria deles diz "não
ter idéia" da autoria dos grampos.
A onda de denúncias de escutas
telefônicas forçou uma reação do
presidente da Câmara. Em ofício
ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), Aldo pediu investigação em relação aos que reclamaram anteontem de grampo
-Ricardo Izar (PTB-SP), presidente do Conselho de Ética da Câmara, Osmar Serraglio (PMDB-PR) e ACM Neto (PFL-BA), relator e sub-relator da CPI dos Correios, respectivamente.
A PF instaurou ontem mesmo
os inquéritos para apurar a suspeita de grampo contra todos os
parlamentares que reclamaram.
Aldo disse ainda considerar as
denúncias "graves" e afirmou que
"não pode haver tolerância contra
esse tipo de crime". "Escuta telefônica sem autorização da Justiça
é crime, (...) é caso de polícia, e a
polícia tem de investigar", disse.
A série de denúncias de monitoramento começou com ACM Neto, que acusou a Abin (Agência
Brasileira de Inteligência) de estar
vigiando suas conversas desde
que assumiu a sub-relatoria que
investiga fundos de pensão. A
Abin disse que as denúncias "carecem de fundamento".
Ontem, ACM Neto enviou ofícios para Aldo, Thomaz Bastos e
para o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência, general Jorge Félix,
relatando o caso. O pefelista disse
ter descoberto o grampo porque
uma de suas conversas teria vazado para um governista.
Alguns deputados afirmaram
que ACM Neto descobriu o grampo porque foi alertado por um petista, que seria o deputado Luiz
Eduardo Greenhalgh (SP).
Tanto Greenhalgh quanto ACM
Neto negaram a informação. O
senador Romeu Tuma (PFL-SP),
que integra a CPI dos Bingos, disse ontem que seu escritório político em São Paulo foi arrombado
na madrugada de ontem. "Deve
ter sido algum grupo investigado
pelas CPIs que faz esse tipo de coisa, assim como os grampos, para
jogar a oposição contra o governo
e bagunçar os trabalhos", disse.
Na Câmara, a Polícia Legislativa
fez uma varredura nos telefones
do Conselho de Ética, mas nenhuma irregularidade foi detectada.
Apelidada nos corredores do
Congresso de "epidemia dos
grampos", a onda de denúncias
também ganhou adeptos que não
participam das investigações do
"mensalão", como o senador
Paulo Paim. Ele solicitou à Mesa
Diretora uma varredura nos telefones dos gabinetes, residências e
celulares dos senadores.
Outro que também reclamou de
supostas escutas foi o advogado
José Luiz Oliveira Lima, que defende o deputado José Dirceu
(PT-SP). Ele disse que há um mês
começou a escutar "barulhos estranhos" e que a ligação cai freqüentemente.
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