São Paulo, segunda-feira, 04 de dezembro de 2000

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SUDAM
Empresa é investigada por suspeita de fraude; documento mostra intenção de investir por meio de deduções em imposto

Estatal estuda comprar ações da Usimar

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

A Copel, estatal que administra o setor elétrico do Paraná, pretende adquirir ações da Usimar Componentes Automotivos S/A, empresa que está sendo investigada por suspeita de fraude em projeto aprovado pela Sudam no valor de R$ 1,380 bilhão.
Cópia de documento obtido pela Agência Folha revela que a estatal autorizou a Usimar a providenciar, "em caráter irretratável e irrevogável", a aplicação de recursos na empresa em 31 de outubro passado, quando as investigações já estavam em curso e o repasse de verbas públicas, suspenso.
No documento, a Copel (Companhia Paranaense de Energia) manifesta sua intenção de participar do projeto com recursos do Finam (Fundo de Investimentos da Amazônia), por meio de dedução no Imposto de Renda, mecanismo previsto na legislação que trata dos incentivos fiscais.
Para isso, informa ter recolhido este ano, em favor do Finam e até aquela data, R$ 13.789.946,20. O consultor da Usimar em São Luís (MA) -onde está prevista a construção do complexo industrial-, Aldenor Cunha Rebouças, 53, confirmou a intenção da Copel e informou que todo o dinheiro já foi depositado no Basa (Banco da Amazônia S/A).

Investimento
Assinada pelo diretor-presidente da estatal, Ingo Henrique Hübert -que também é secretário da Fazenda do governo do Paraná- , e pelo diretor de administração no exercício da diretoria de finanças, Miguel Augusto Queiroz Schünemann, o documento não especifica o montante a ser destinado à compra das ações. Mas, segundo Rebouças, todo o dinheiro seria para investimento na empresa.
O gerente da área de Relação com o Mercado da estatal, Ricardo Portugal Alves, falou sobre o assunto: "Se ficar provado que há irregularidades, simplesmente desistimos deste projeto" (leia texto ao lado).
O consultor da Usimar em São Luís disse que a Copel foi a primeira empresa a se declarar disposta a investir no empreendimento, cujo projeto foi aprovado pela Sudam há quase um ano.
A falta de investidores foi uma das causas alegadas pela Usimar para a suspensão do repasse dos recursos públicos. Duas parcelas de R$ 22 milhões foram liberadas em janeiro e abril pela Sudam, mas nenhum dinheiro veio de acionistas nesse período.


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