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TRANSIÇÃO
Estados querem repasse de recursos federais; coordenador da transição teme desequilíbrio entre receita e despesas
Palocci se recusa a "acalmar governadores"
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Minha função aqui não é acalmar governadores, é lidar com
problemas que são afetos ao futuro governo", declarou ontem o
coordenador da equipe de transição, Antônio Palocci Filho.
A afirmativa surgiu diante do
questionamento de jornalistas sobre o que ele faria para acalmar o
governador de Minas Gerais, Itamar Franco, depois de ter se posicionado contra a medida provisória para ressarcir os Estados pelos
gastos feitos em rodovias federais.
Pela MP, que quase chegou a ser
editada na semana passada, Minas receberia R$ 1,2 bilhão. Mas a
posição de Palocci contrária à medida levou o governo federal a
suspendê-la e abriu uma crise entre o PT e Itamar.
Segundo Palocci, a discussão
não se limita ao caso de Minas.
"Se o governo federal tiver obrigações líquidas e certas com um,
dois, três ou dez Estados, deve
cumpri-las, naturalmente." Mas,
se a idéia é editar MPs que gerem
despesas futuras, diz Palocci, isso
não pode ser feito se não houver
receitas que sustentem os gastos.
Palocci disse desconhecer a cifra
de R$ 9 bilhões como o valor total
que a União teria que repassar aos
Estados. O montante surgiu de
uma previsão dos técnicos do Ministério da Fazenda, mas ainda
sujeito a redução no pacote de negociações para a edição da MP.
Cotado para assumir o Ministério da Fazenda, Palocci defende a
premissa, para qualquer caso, de
sempre ter, como prevê a Lei de
Responsabilidade Fiscal, receitas
futuras suficientes para acomodar despesas futuras.
Isso valeria também para a Lei
Kandir, que se transformou num
ponto importante das reivindicações dos governadores, interessados em estender até 2006 o fundo
de compensação que repassa recursos federais como contrapartida à redução de ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços) como medida de incentivo às exportações.
Ainda não há recursos orçamentários suficientes para garantir, no próximo ano, a continuidade do fundo de compensação.
Ainda falta buscar fontes para R$
1,5 bilhão em receitas para um total de R$ 3,9 bilhões necessários
para repassar aos Estados.
O coordenador do Confaz
(Conselho Nacional de Política
Fazendária), Ednilton Soarez, que
é secretário da Fazenda do Ceará,
propôs ao ministro da Casa Civil,
Pedro Parente, que uma saída seria definir na lei que lastreará o repasse de recursos que as verbas terão origem no orçamento ou em
"suplementação" extraordinária.
Contrário a jogar o problema
para frente, Palocci disse preferir
que "nunca acontecesse isso",
mas que pode ser possível, pois a
extinção do fundo de compensação foi prevista num cenário em
que a reforma tributária já teria sido feita. "Mas isso não aconteceu
e gerou-se um vazio. Então, é necessário ter um entendimento
[com os Estados]", afirmou.
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