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São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2003

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VIAGEM AO ORIENTE

Para governo brasileiro, debate sobre poderes no Conselho de Segurança das Nações Unidas vem depois

País quer vaga na ONU até sem poder de veto

DO ENVIADO ESPECIAL A DAMASCO

A campanha para colocar o Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU ganhou um novo contorno na atual viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, "o Brasil não deseja ser membro do Conselho de Segurança por causa do poder de veto".
O assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia fez um complemento: "Essa questão do veto vem depois. É importante, primeiro, fazer a reforma da ONU e do Conselho de Segurança".
Para Marco Aurélio, o fato mais relevante é que a ONU instalou, recentemente, uma comissão de notáveis para propor algum tipo de reforma. O diplomata brasileiro Baena Soares é um dos 15 membros do grupo.
"O simples fato de a comissão ter sido criada já complica a posição dos que não desejam mudança", afirma Marco Aurélio.
"O Brasil poderá transmitir suas idéias de mudança ao embaixador Baena Soares", diz Amorim.
Ele relatou que, no encontro de Lula com o seu colega sírio, Bashar al Assad, "a Síria demonstrou simpatia pela idéia de reformar o Conselho de Segurança da ONU".
Na viagem a países árabes, Lula busca mais apoios para seu pleito.

Viagens internacionais
Na opinião de Marco Aurélio Garcia, Lula não está seguindo os mesmos passos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) pelo fato de ter viajado neste ano mais que seu antecessor no mesmo período.
"No passado, as viagens projetaram mais o presidente Fernando Henrique que o Brasil. Não estou dizendo que ele procurava isso, mas era o que acontecia. Com o presidente Lula, é diferente. Busca-se a projeção do Brasil".
Para Marco Aurélio, com o governo do PT haveria "resultados concretos" nas viagens presidenciais. Citou o caso das negociações recentes em Cancún (México), em que o Brasil se opôs ao modelo defendido pelos EUA para a formação da Alca.
Confrontado com o fato de que Lula não esteve em Cancún, respondeu: "É isso mesmo. As viagens do presidente fazem parte da política externa do país. É um conjunto que leva às vitórias, e não apenas as viagens em si". (FERNANDO RODRIGUES)


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