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RORAIMA
Ex-chefe da Casa Civil, Diva Briglia foi ouvida ontem pela força-tarefa que investiga o "escândalo dos gafanhotos"
Demitida "confirma" esquema, afirma PF
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA
A ex-chefe da Casa Civil do governo de Roraima Diva Briglia,
58, demitida na semana passada
pelo governador Flamarion Portela (PT), 48, prestou depoimento
ontem aos integrantes da força-tarefa que investigam o chamado
"escândalo dos gafanhotos".
O depoimento começou por
volta das 11h e não havia terminado até as 17h (19h em Brasília) de
ontem. Em um intervalo, o delegado da PF Júlio César Baida Filho
disse que o depoimento da ex-chefe da Casa Civil estava sendo
"produtivo" e que Briglia estaria
"colaborando" e "confirmando"
os dados das investigação.
As informações prestadas pela
ex-chefe podem ser fundamentais
para as investigações, que desembocaram na prisão de 44 pessoas
até ontem, acusadas de desvio de
dinheiro da folha de pagamentos
do Estado.
Briglia foi secretária da Administração no governo de Neudo
Campos (PP, 1995-2002), 55, continuou no cargo nos primeiros
meses do mandato de Portela
(que era vice de Neudo Campos e
assumiu o governo em abril de
2002) e passou a atuar na Casa Civil neste ano.
Ela foi exonerada por Portela
junto com outros três secretários
como medida de "prevenção".
Briglia também ocupou cargos
públicos na área de educação em
governos anteriores.
Segundo a força-tarefa, não há
indícios de que a ex-secretária tenha tido participação direta no
"esquema dos gafanhotos", no
qual 30 autoridades roraimenses
são acusadas de embolsar dinheiro de salários de funcionários fantasmas ("gafanhotos" que "comiam" a folha de pagamentos).
No esquema dos "gafanhotos",
um valor superior a R$ 230 milhões pode ter sido desviado das
contas do governo de Roraima.
Mas Briglia comandou a relação
de servidores do Estado, sendo
5.500 deles supostamente "gafanhotos", e tinha conhecimento
das ações de governo.
No depoimento, a ex-secretária
estava acompanhada de quatro
advogados. Logo após ser exonerada, Briglia encaminhou carta ao
Ministério Público Federal prontificando-se a dar informações sobre sua atuação no governo.
Campos
O ex-governador Neudo Campos deve depor hoje pela manhã
na PF. Ele é acusado de ser o mentor das fraudes. Preso temporariamente desde do dia 27, ele nega
as acusações e afirma estar sendo
perseguido por "inimigos".
O Ministério Público Federal estuda a possibilidade de pedir a
prisão preventiva de Campos, que
pode ser solto amanhã, e de outras pessoas também detidas na
cadeia pública de Boa Vista.
A medida seria uma forma de
evitar coação de testemunhas e
obstrução dos inquéritos que
apuram as irregularidades.
Depoimento
O ex-deputado estadual Bernardino Cirqueira confirmou em depoimento na Polícia Federal que
foi convidado para ingressar no
esquema de desvio de verbas públicas depois que Portela assumiu
o governo, em abril de 2002.
Bernardino disse à Polícia Federal que as contratações de funcionários feitas por ele serviriam para abastecer a caixa de campanha.
Em troca, Bernardino daria apoio
incondicional ao governador, que
iria concorrer à reeleição.
A representante indicada pela
Executiva Nacional do PT para
acompanhar as investigações dos
escândalos em Roraima, Dalva Figueiredo, chegaria ontem à noite
a Boa Vista. Ela tem um cargo no
partido e é a secretária de assuntos da Federação, que acompanha
os governos estaduais.
Colaborou TIAGO ORNAGHI, da Agência Folha
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