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São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2003

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RORAIMA

Ex-chefe da Casa Civil, Diva Briglia foi ouvida ontem pela força-tarefa que investiga o "escândalo dos gafanhotos"

Demitida "confirma" esquema, afirma PF

JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA

A ex-chefe da Casa Civil do governo de Roraima Diva Briglia, 58, demitida na semana passada pelo governador Flamarion Portela (PT), 48, prestou depoimento ontem aos integrantes da força-tarefa que investigam o chamado "escândalo dos gafanhotos".
O depoimento começou por volta das 11h e não havia terminado até as 17h (19h em Brasília) de ontem. Em um intervalo, o delegado da PF Júlio César Baida Filho disse que o depoimento da ex-chefe da Casa Civil estava sendo "produtivo" e que Briglia estaria "colaborando" e "confirmando" os dados das investigação.
As informações prestadas pela ex-chefe podem ser fundamentais para as investigações, que desembocaram na prisão de 44 pessoas até ontem, acusadas de desvio de dinheiro da folha de pagamentos do Estado.
Briglia foi secretária da Administração no governo de Neudo Campos (PP, 1995-2002), 55, continuou no cargo nos primeiros meses do mandato de Portela (que era vice de Neudo Campos e assumiu o governo em abril de 2002) e passou a atuar na Casa Civil neste ano.
Ela foi exonerada por Portela junto com outros três secretários como medida de "prevenção". Briglia também ocupou cargos públicos na área de educação em governos anteriores.
Segundo a força-tarefa, não há indícios de que a ex-secretária tenha tido participação direta no "esquema dos gafanhotos", no qual 30 autoridades roraimenses são acusadas de embolsar dinheiro de salários de funcionários fantasmas ("gafanhotos" que "comiam" a folha de pagamentos).
No esquema dos "gafanhotos", um valor superior a R$ 230 milhões pode ter sido desviado das contas do governo de Roraima.
Mas Briglia comandou a relação de servidores do Estado, sendo 5.500 deles supostamente "gafanhotos", e tinha conhecimento das ações de governo.
No depoimento, a ex-secretária estava acompanhada de quatro advogados. Logo após ser exonerada, Briglia encaminhou carta ao Ministério Público Federal prontificando-se a dar informações sobre sua atuação no governo.

Campos
O ex-governador Neudo Campos deve depor hoje pela manhã na PF. Ele é acusado de ser o mentor das fraudes. Preso temporariamente desde do dia 27, ele nega as acusações e afirma estar sendo perseguido por "inimigos".
O Ministério Público Federal estuda a possibilidade de pedir a prisão preventiva de Campos, que pode ser solto amanhã, e de outras pessoas também detidas na cadeia pública de Boa Vista.
A medida seria uma forma de evitar coação de testemunhas e obstrução dos inquéritos que apuram as irregularidades.

Depoimento
O ex-deputado estadual Bernardino Cirqueira confirmou em depoimento na Polícia Federal que foi convidado para ingressar no esquema de desvio de verbas públicas depois que Portela assumiu o governo, em abril de 2002.
Bernardino disse à Polícia Federal que as contratações de funcionários feitas por ele serviriam para abastecer a caixa de campanha. Em troca, Bernardino daria apoio incondicional ao governador, que iria concorrer à reeleição.
A representante indicada pela Executiva Nacional do PT para acompanhar as investigações dos escândalos em Roraima, Dalva Figueiredo, chegaria ontem à noite a Boa Vista. Ela tem um cargo no partido e é a secretária de assuntos da Federação, que acompanha os governos estaduais.


Colaborou TIAGO ORNAGHI, da Agência Folha


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