UOL

São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Índice

Enviada do PT teve governo conturbado

TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA

A representante indicada pela Executiva Nacional do PT para acompanhar as investigações do chamado "escândalo dos gafanhotos", em Roraima, teve uma passagem conturbada pelo governo do Amapá. Dalva Figueiredo era vice do governador João Capiberibe (PSB) quando ele foi afastado pela Assembléia Legislativa em 2000 devido a suposto desvio de verbas públicas da educação.
Ela chegaria ontem à noite a Boa Vista para acompanhar o caso.
Atualmente, no PT Dalva é secretária de assuntos da Federação que acompanha os Estados.
Quando do afastamento, a ex-professora primária assumiu o governo do Amapá.
No ano passado, dois procuradores federais, Manoel Pastana e Celso Três, protocolaram uma ação acusando a governadora de aplicar irregularmente uma verba que superava R$ 61,5 milhões do Orçamento do Estado.
A verba, originalmente destinada às áreas de saúde e educação, foi movimentada nos três meses anteriores à eleição -o que é proibido. Parte da movimentação teria fins eleitorais, segundo os procuradores.
À época, Dalva ingressou com ação de suspeição contra os procuradores. A governadora dizia que eles tinham interesse em prejudicar o PT no Estado.
Dalva também é acusada por uma suposta compra de votos no ano passado, quando tentava a reeleição. Ela perdeu, no segundo turno, para Waldez Góes (PDT).
Segundo Pastana, ao processo de abuso de poder econômico e político que tramita no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) contra Dalva já foram anexadas 352 provas de compra de votos. Seu irmão, Elieder Barros, teve apreendidos no dia do segundo turno da eleição R$ 750, que supostamente seriam para comprar votos.
Ontem, a Agência Folha tentou falar com Dalva, mas apenas o presidente nacional do PT, José Genoino, fala com a imprensa sobre a função dela em Roraima. Procurado, até o fechamento desta edição, Genoino não havia respondido à reportagem.
Por meio da assessoria de imprensa do PT, Dalva disse que ainda não foi notificada sobre os processos de compra de votos.
O advogado Carlos Ney pediu ontem à Justiça Federal proteção policial para Carlos Eduardo Levischi e Sônia Nattrodt, principais testemunhas de acusação no caso de Roraima.


Texto Anterior: Roraima: Demitida "confirma" esquema, afirma PF
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.