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Lula pretende anunciar o novo ministério até o Natal
Antecipada, reforma não coincidiria com eleições para presidente da Câmara e do Senado
Hoje o petista tem reuniões com o PSB e o PC do B para tratar de seus espaços no governo e de medidas de incentivo ao crescimento
KENNEDY ALENCAR
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende realizar até
o Natal as modificações no ministério e anunciar, em entrevista coletiva, as medidas para
"destravar" a economia e tentar atingir a meta de crescimento de 5% anuais do PIB
(Produto Interno Bruto)
A partir de hoje, Lula deverá
ter conversas "mais concretas",
na expressão de um auxiliar direto, a respeito dos cargos do
primeiro escalão.
Em reuniões reservadas na
semana passada, ele sinalizou
que acha melhor não estender a
reforma do primeiro escalão
até fevereiro, como disse em
público. A reforma coincidiria
com as eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Começaria um governo novo com "cara velha", segundo
um ministro, e ficaria dependente demais dos eleitos para o
comando do Congresso.
Na agenda de hoje, o presidente Lula terá audiências com
as cúpulas do PSB e do PC do B.
Tratará de seus espaços no governo e das medidas de incentivo ao crescimento econômico.
O PSB tem hoje os ministérios da Integração Nacional e
da Ciência e Tecnologia.
O partido está satisfeito com
a sua cota no governo petista,
mas deseja fazer lobby pela
manutenção da Integração Nacional, pasta que é cobiçada
pelo PMDB.
O PC do B detém os Esportes
e fará pressão pela reeleição de
Aldo Rebelo para a Câmara, sob
o argumento de lealdade. PT e
PMDB ensaiam articulação
contra Aldo, preferido de Lula
para o comando da Casa.
Retorno
Há possibilidade de o ex-ministro Agnello Queiróz retornar à pasta dos Esportes. Ele
diz ter acordo com o presidente
nesse sentido, pois teria ido para o sacrifício ao perder a disputa pelo Senado.
Quanto a cargos, o governador eleito de Pernambuco e
presidente do PSB, Eduardo
Campos, mantém a cautela:
"Nosso apoio não depende desse ou daquele espaço".
O presidente do PC do B, Renato Rabelo, porém, é menos
discreto quando ao apetite dos
comunistas: "Nossa responsabilidade pode ser maior no próximo governo, pela posição de
lealdade e de ajuda que tivemos
com o presidente [no primeiro
mandato]".
PSB e PC do B são aliados históricos do presidente. Com PT,
PMDB, PRB e PV, deverão formar o governo de "coalizão"
imaginado por Lula para o segundo mandato. Já convidado
pelo presidente, o PDT deverá
ser integrado ao grupo nas próximas semanas.
Também deverá acontecer,
ainda nesta semana, uma reunião com o presidente do
PMDB, Michel Temer, a fim de
dar o pontapé oficial nas negociações por cargos depois de o
partido ter aprovado a proposta
de formar um governo de coalizão com o PT.
Economia "distinta"
Além de cargos, PC do B e
PSB querem ouvir do presidente sinalizações sobre os planos
a curto prazo do Planalto sobre
a política econômica. Os dois
aliados admitem preocupação
com o tema, principalmente
após os resultados do PIB divulgados na semana passada.
O PSB, por exemplo, decidiu
criar um grupo interno para
discutir opções de mudanças
na economia.
"Não queremos estardalhaços, mas sim elaborar um documento de fôlego para colaborar
com o presidente Lula. No primeiro mandato, houve limites
[para mudanças], sem dúvida.
Agora é possível tomar atitudes
distintas [na economia]", diz
Eduardo Campos.
Lula será informado hoje pelo PSB sobre a formação desse
grupo, cujo resultado será entregue ao petista no primeiro
bimestre do ano que vem. Virá
recheado de sugestões para
ajustes na microeconomia, na
carga tributária e também na
política de juros.
Renato Rabelo vai na mesma
linha de Campos: "Esse problema da economia fará parte da
nossa conversa [com Lula].
Existe intenção e boa vontade
do governo, mas ainda falta
muita coisa. É preciso mais investimento no país, tanto privado como estatal, e vamos dizer isso ao presidente".
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