São Paulo, segunda-feira, 04 de dezembro de 2006

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Lula pretende anunciar o novo ministério até o Natal

Antecipada, reforma não coincidiria com eleições para presidente da Câmara e do Senado

Hoje o petista tem reuniões com o PSB e o PC do B para tratar de seus espaços no governo e de medidas de incentivo ao crescimento

KENNEDY ALENCAR
EDUARDO SCOLESE

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende realizar até o Natal as modificações no ministério e anunciar, em entrevista coletiva, as medidas para "destravar" a economia e tentar atingir a meta de crescimento de 5% anuais do PIB (Produto Interno Bruto)
A partir de hoje, Lula deverá ter conversas "mais concretas", na expressão de um auxiliar direto, a respeito dos cargos do primeiro escalão.
Em reuniões reservadas na semana passada, ele sinalizou que acha melhor não estender a reforma do primeiro escalão até fevereiro, como disse em público. A reforma coincidiria com as eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Começaria um governo novo com "cara velha", segundo um ministro, e ficaria dependente demais dos eleitos para o comando do Congresso.
Na agenda de hoje, o presidente Lula terá audiências com as cúpulas do PSB e do PC do B. Tratará de seus espaços no governo e das medidas de incentivo ao crescimento econômico.
O PSB tem hoje os ministérios da Integração Nacional e da Ciência e Tecnologia.
O partido está satisfeito com a sua cota no governo petista, mas deseja fazer lobby pela manutenção da Integração Nacional, pasta que é cobiçada pelo PMDB.
O PC do B detém os Esportes e fará pressão pela reeleição de Aldo Rebelo para a Câmara, sob o argumento de lealdade. PT e PMDB ensaiam articulação contra Aldo, preferido de Lula para o comando da Casa.

Retorno
Há possibilidade de o ex-ministro Agnello Queiróz retornar à pasta dos Esportes. Ele diz ter acordo com o presidente nesse sentido, pois teria ido para o sacrifício ao perder a disputa pelo Senado.
Quanto a cargos, o governador eleito de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, mantém a cautela: "Nosso apoio não depende desse ou daquele espaço".
O presidente do PC do B, Renato Rabelo, porém, é menos discreto quando ao apetite dos comunistas: "Nossa responsabilidade pode ser maior no próximo governo, pela posição de lealdade e de ajuda que tivemos com o presidente [no primeiro mandato]".
PSB e PC do B são aliados históricos do presidente. Com PT, PMDB, PRB e PV, deverão formar o governo de "coalizão" imaginado por Lula para o segundo mandato. Já convidado pelo presidente, o PDT deverá ser integrado ao grupo nas próximas semanas.
Também deverá acontecer, ainda nesta semana, uma reunião com o presidente do PMDB, Michel Temer, a fim de dar o pontapé oficial nas negociações por cargos depois de o partido ter aprovado a proposta de formar um governo de coalizão com o PT.

Economia "distinta"

Além de cargos, PC do B e PSB querem ouvir do presidente sinalizações sobre os planos a curto prazo do Planalto sobre a política econômica. Os dois aliados admitem preocupação com o tema, principalmente após os resultados do PIB divulgados na semana passada.
O PSB, por exemplo, decidiu criar um grupo interno para discutir opções de mudanças na economia.
"Não queremos estardalhaços, mas sim elaborar um documento de fôlego para colaborar com o presidente Lula. No primeiro mandato, houve limites [para mudanças], sem dúvida. Agora é possível tomar atitudes distintas [na economia]", diz Eduardo Campos.
Lula será informado hoje pelo PSB sobre a formação desse grupo, cujo resultado será entregue ao petista no primeiro bimestre do ano que vem. Virá recheado de sugestões para ajustes na microeconomia, na carga tributária e também na política de juros.
Renato Rabelo vai na mesma linha de Campos: "Esse problema da economia fará parte da nossa conversa [com Lula]. Existe intenção e boa vontade do governo, mas ainda falta muita coisa. É preciso mais investimento no país, tanto privado como estatal, e vamos dizer isso ao presidente".


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