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Saúde desponta como pior problema do país
Pesquisa Datafolha revela que 21% listam a área como principal preocupação, ao lado agora de violência e desemprego
Avaliação coincide com o momento em que governo tenta prorrogar a CPMF sob o argumento de que precisa dos recursos para o setor
MICHELE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO
Pela primeira vez desde 1996,
ainda sob o governo FHC, a
saúde é apontada como o principal problema do Brasil, no topo agora ao lado de segurança e
desemprego. A saúde é também
avaliada pela população como a
área em que o governo Lula está se saindo pior. Os dados são
da mais recente pesquisa Datafolha, realizada entre os dias 26
e 29 de novembro.
A preocupação do brasileiro
com a área da saúde equiparou-se à com a violência, antes isolada em primeiro lugar no levantamento de março -realizado cerca de um mês e meio
depois da morte de João Hélio,
6, arrastado pelo lado de fora do
carro que fora roubado de sua
mãe, no Rio, episódio que foi
amplamente noticiado.
Em março, a falta de segurança era o principal problema
do país para 31% e a saúde, para
11%, ocupando a terceira posição. Desemprego ficava em segundo lugar, com 22%.
Agora, a saúde e a segurança
lideram a lista de principais
preocupações dos brasileiros,
ambas com 21%. Outros 18%
acham ser o desemprego a
principal mazela. Há empate
técnico devido à margem de erro de dois pontos percentuais,
para mais ou para menos.
O Datafolha ouviu 11.741 pessoas, em 390 municípios.
O aumento da percepção da
saúde como o principal problema do país acontece após ser
noticiada uma série de fatos negativos relativos ao setor, como
hospitais abandonados, morte
de pacientes em filas de atendimento, servidores da área em
greve pelos Estados e surto de
dengue -de janeiro a setembro
o número de casos registrados
aumentou 49,77% em relação
ao mesmo período de 2006, o
que levou o ministro da Saúde,
José Gomes Temporão, a declarar que o país vivia uma nova
epidemia da doença.
Pior área
Além de ser apontada como
um dos principais problemas
do país, a saúde é também, segundo o levantamento do Datafolha, a área em que a atuação
da administração petista recebe mais críticas. Para 22% -aumento de oito pontos percentuais desde março-, é a área de
pior desempenho do governo
federal. Em seguida, estão a segurança (18%) e o combate ao
desemprego (10%).
A avaliação ruim do governo
na área da saúde coincide com
o momento em que o Palácio do
Planalto concentra suas forças
na prorrogação da CPMF, o imposto do cheque, com o argumento de que a arrecadação do
tributo vai para essa área -hoje, da alíquota de 0,38%, 0,20%
vai para a saúde, 0,10%, para a
Previdência, e 0,08%, para o
Fundo da Pobreza.
Também coincide com o
PAC da Saúde, que será anunciado pelo presidente Lula
amanhã, e com a aprovação pela Câmara, há pouco mais de
um mês, da emenda 29, que dá
ao setor R$ 24 bilhões adicionais ao longo de quatro anos
-além dos R$ 47 bilhões já previstos no Orçamento-2008.
Nas capitais
O índice dos que acreditam
que a saúde é o principal problema do país é maior entre os
brasileiros de 45 a 59 anos
(27%) e nas cidades de Salvador, Florianópolis e Rio (todas
com 29%). Nesta última capital, a saúde empata com violência, também com 29% -o desemprego aparece com 9%.
É no Nordeste, no entanto,
onde houve a maior variação
desde março. Naquele mês, somente 9% diziam que a saúde
era o principal problema. Hoje,
o percentual é de 24%, aumento de 15 pontos percentuais.
Desemprego
Historicamente sempre isolado no topo como o maior problema nacional, o desemprego
vem perdendo lugar nas menções dos entrevistados desde
dezembro do ano passado,
quando aparecia com 27% das
opiniões. Hoje, é apontado como o principal problema brasileiro por 18%.
A avaliação coincide com a
queda da taxa de desemprego
nas seis principais regiões metropolitanas do país, verificada
em outubro -8,7% contra 9%
de setembro, a menor marca
para um mês de outubro desde
2002, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.
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