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STF pede apuração de suposta espionagem
Mendes solicitou ao procurador-geral que apure se coronel da reserva que trabalhou na segurança do Supremo era ligado a Dantas
Em sentença, o juiz federal Fausto De Sanctis diz que Sérgio Cirillo, que já foi secretário na corte, teria ligações com o banqueiro
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar
Mendes, decidiu ontem enviar
uma representação ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, pedindo a
apuração de uma suposta tentativa do grupo do banqueiro
Daniel Dantas de colocar um
aliado na Secretaria de Segurança do Supremo.
A informação faz parte da
sentença contra Dantas, que foi
condenado anteontem, em primeira instância, a dez anos de
prisão em regime fechado por
corrupção ativa e ao pagamento de R$ 13,42 milhões como
"multa e reparação" pela tentativa de subornar policiais.
Também foram condenados
o ex-presidente da Brasil Telecom Humberto Braz e o professor Hugo Chicaroni, apontados
como os interlocutores do banqueiro na tentativa de suborno.
O juiz da 6ª Vara Criminal
Federal, Fausto De Sanctis, diz
na sentença que o grupo de
Dantas não media esforços para "destruir" a Operação Satiagraha e relata a suposta tentativa de colocar um aliado no STF.
Tal aliado seria o coronel da reserva Sérgio de Souza Cirillo,
nomeado em 30 de julho deste
ano para atuar na Secretaria de
Segurança do STF, cerca de três
semanas após a operação que
prendeu Dantas. Ele foi exonerado do cargo dois meses depois, no dia 6 de outubro.
A relação entre Cirillo e o
grupo de Dantas se daria por
meio de Chicaroni, já que ambos faziam parte do Instituto
Sagres, sediado em Brasília e
composto por civis e militares
da reserva. Segundo a PF, Chicaroni teria ligado nove vezes
para Cirillo entre junho e julho
de 2008. O juiz descreve Cirillo
como um "especialista em
guerra eletrônica, com experiência profissional na área de
Inteligência e Contra-Inteligência, oficial do Exército".
Mendes não comentou as
afirmações do juiz. Oficialmente a Secretaria de Comunicação
do STF confirmou a contratação de Cirillo durante o período
indicado pelo magistrado.
A assessoria de imprensa do
Supremo informou que, quando Mendes tomou posse, em
abril deste ano, decidiu criar a
Secretaria de Segurança. Procurou então o general Alberto
Cardoso, responsável pela segurança de Fernando Henrique Cardoso durante seu período na Presidência (1995-2002),
pedindo para que indicasse alguém de sua confiança.
O indicado foi o coronel Joaquim Gabriel Alonso Gonçalves, que tomou posse em 24 de
abril de 2008. Em julho, Gonçalves conseguiu realocar para
sua área um cargo em comissão
para o qual indicou Cirillo como secretário substituto. Eles
recebiam por mês R$ 9.600 e
R$ 7.400, respectivamente.
A assessoria do STF diz ainda
que a demissão de Cirillo não
teve relação com a suposta espionagem. Teria sido em conseqüência da demissão de Gonçalves, que saiu por "questões
administrativas." Gonçalves teria um "gênio difícil" e seu comportamento não teria se adequado ao cargo. O estopim teria
sido uma briga entre ele e o cerimonial da Presidência, quando combinavam uma visita que
acabou não ocorrendo.
Como Cirillo não tem foro
privilegiado, assim que Souza
receber a representação deverá
enviá-la à Procuradoria da República no Distrito Federal.
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