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Câmara regulariza a situação de 62 cidades
PEC aprovada ontem elimina risco de municípios serem extintos, mas texto ainda precisa ser votado no Senado até maio de 2009
Municípios beneficiados desrespeitaram emenda que suspendeu poder dado aos Estados de autorizar a criação de novas cidades
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma votação feita a toque
de caixa, a Câmara aprovou ontem, em dois turnos, a PEC
(proposta de emenda constitucional) que regulariza a situação de 62 municípios que correm risco de serem extintos.
O projeto retorna para o Senado e tem que ser votado até
maio do ano que vem, prazo estipulado pelo STF (Supremo
Tribunal Federal) para que a situação dessas cidades seja regulamentada. Caso contrário, o
tribunal ameaça destituí-las.
Os 62 municípios beneficiados pelo texto foram criados fora das regras constitucionais.
Eles desrespeitaram uma
emenda de 1996 que suspendeu
a prerrogativa dada aos Estados
pela Constituição de autorizar
a criação de novas cidades.
Pela emenda, os municípios
só poderiam ter sido criados segundo uma lei federal que determinasse, por exemplo, o número mínimo de habitantes e a
arrecadação necessária para a
sua criação. O Congresso nunca
aprovou tal lei, mas as cidades
foram criadas mesmo assim.
De acordo com a CNM (Confederação Nacional dos Municípios), 57 cidades estão nessa
situação. O relator da proposta,
deputado Manoel Junior (PSB-PB), ampliou a regularização
para mais cinco localidades
que, segundo ele, foram criadas
de acordo com leis estaduais,
mas nunca foram instaladas, ou
seja, nunca tiveram eleições para prefeitos. São elas: Mojuí dos
Campos (PA), Balneário Rincão (SC), Pescaria Brava (SC),
Paraíso das Águas (MS) e
Nazário (PI).
O texto aprovado não abre
brecha para a criação de novas
cidades, ao dizer que ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de municípios, cuja
lei tenha sido publicada até 31
de dezembro de 2006.
A votação -368 votos favoráveis e 2 contrários em primeiro
turno e 391 favoráveis e 0 contrários em segundo- foi possível graças a interesses de congressistas de todas as bancadas.
A cidade de Luiz Eduardo Magalhães, na Bahia, por exemplo,
estava ameaçada. O município
tem o nome do tio do líder do
DEM, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA).
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