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ESCUTA TELEFÔNICA
Presidente da Previ deixa o cargo por pressão dos conselheiros do fundo de pensão dos funcionários do BB
Cai o último envolvido no caso do grampo
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
A crise provocada pelo grampo telefônico no
BNDES e uma
auditoria do
Banco do Brasil
sobre empréstimos concedidos
pela instituição à construtora Encol provocaram a saída do matemático Jair Bilachi da presidência
da Previ (fundo de pensão do BB).
Ele deixou o cargo ontem e foi
acompanhado por João Bôsco Madeiro da Costa, que era diretor de
investimentos do fundo. Ambos
foram indicados para a diretoria
da Previ pelo próprio BB.
Bilachi é a última pessoa com ligações com o governo -das citados nas conversas grampeadas no
BNDES- a deixar o cargo.
Antes dele, saíram do cargo o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de
Barros (Comunicações), o ex-presidente do BNDES André Lara Resende e o diretor das áreas comercial e internacional do BB, Ricardo
Sérgio de Oliveira.
Apesar de o banco ter anunciado
que Bilachi renunciou ao cargo, a
Folha apurou que ele deixou o
maior fundo de pensão do país por
pressão de parte do Conselho Deliberativo da entidade e por recomendação da diretoria do BB.
Madeiro da Costa saiu devido a
suas ligações com Ricardo Sérgio,
do qual já foi chefe de gabinete.
Para o lugar de Bilachi foi designado Luiz Tarquínio Sardinha Ferro, atual superintendente-executivo da Unidade de Finanças do BB.
O novo diretor de Investimentos
da Previ é Dercy Alcântara, atual
superintendente do BB no Paraná.
²
Grampo e auditoria
Nas conversas telefônicas grampeadas, Bilachi aparece negociando com Mendonça de Barros a participação da Previ no leilão da Tele
Norte Leste, um braço da Telebrás.
O ex-ministro acusou a Previ de
ter uma atuação "dúbia" nas negociações. Ela teria ameaçado deixar
o consórcio do banco Opportunity
com a Telecom Italia para se associar à Andrade Gutierrez e ao próprio BB no consórcio Telemar.
A Previ estaria insatisfeita com as
condições colocadas pelo Opportunity, que só estaria interessado
nos seus recursos. Depois, confirmou a parceria com o banco.
A Telemar venceu a disputa, mas
a Previ conseguiu entrar na holding após o leilão, comprando
ações dos vencedores.
A auditoria do BB investiga a responsabilidade de Bilachi na concessão de empréstimos de R$ 99
milhões à construtora Encol quando ele era gerente de uma agência
do banco em Brasília.
Depois, como superintendente
do BB no Distrito Federal, ele teria
trabalhado para rolar as dívidas da
construtora -apesar de ela ter
apresentado garantias insuficientes para a operação.
Disputas na Previ
Nesta semana, 4 dos 7 membros
do Conselho Deliberativo da Previ
pediram a saída de Bilachi. Apesar
de não terem reclamações contra
sua gestão, os conselheiros (eleitos
pelos associados do fundo) avaliaram que sua permanência seria
"politicamente prejudicial" à Previ. Os outros três conselheiros (indicados pela direção do BB) e Bilachi resistiram à pressão.
A discussão final ocorreu anteontem, sem a presença de Bilachi, em uma reunião que durou
quase 12 horas na diretoria do BB.
A Folha apurou que os conselheiros indicados pelo BB sugeriram a renúncia coletiva do Conselho Deliberativo e de toda a diretoria do fundo, dizendo que a gestão
estaria "comprometida". Os conselheiros eleitos recusaram a idéia.
O presidente do BB, Paulo César
Ximenes, reuniu-se com os conselheiros indicados e optou pelas demissões. A decisão foi submetida
ao Palácio do Planalto e aprovada.
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