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RIO DE JANEIRO
Parlamentares são acusados de tentar subornar colegas em votação sobre a venda da empresa de água
Assembléia pode cassar dois deputados
LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio
A Alerj (Assembléia Legislativa
do Estado do Rio) abriu ontem à
tarde um processo de cassação dos
dois deputados acusados de tentativa de suborno de quatro outros
parlamentares.
Os acusados são o líder do PPB
na Assembléia, Aluízio de Castro, e
o também pepebista José Amorim.
O objetivo da suposta compra de
votos seria impedir a derrubada do
veto do governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB), ao projeto legislativo que retira a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) do PED (Programa Estadual
de Desestatização) na votação que
foi a plenário no início da noite de
ontem.
A denúncia foi feita pelo presidente da Alerj, Sérgio Cabral Filho
-o deputado estadual mais votado do país nas últimas eleições. Cabral Filho disputa com Alencar a liderança do PSDB fluminense no
período pós-eleitoral.
As acusações foram feitas depois
que os deputados Tuninho Duarte
(PFL), Ary Brum (PSDB), Luiz Novaes (PSDB) e André Luiz (PMDB)
gravaram conversas supostamente
com o líder do PPB na Assembléia
Legislativa.
²
Oferta
Ele teria oferecido entre US$ 50
mil e US$ 100 mil para que cada
parlamentar não comparecesse à
sessão de ontem ou que votasse pela permanência do veto do governador.
"A intenção de Aluízio de Castro
era muito simples: abordar deputados que não foram reeleitos e
que talvez tivessem dívidas de
campanha para saldar", afirmou
Duarte, que não teve o mandato
renovado.
Castro teria dito aos deputados
que os articuladores da negociação
seriam o secretário estadual de Fazenda, Marco Aurélio Alencar
-filho do governador-, e o prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier (PFL).
Os deputados Aluízio de Castro e
José Amorim, cuja voz também
apareceria em uma das fitas, negaram qualquer envolvimento na suposta tentativa de suborno.
"Em nenhum momento participei de conversas sobre compra de
votos. A voz na fita não é minha",
afirmou Amorim. "É a palavra dele
(a de Tuninho Duarte) contra a
minha."
Marco Aurélio Alencar também
negou qualquer participação na
suposta compra de votos e disse
que pretende processar os denunciantes. O prefeito Nelson Bornier
não foi encontrado pela Folha.
O presidente da Alerj disse que
vai entregar as fitas para o Ministério Público.
Antônio Carlos Biscaia, procurador de Justiça, encaminhou uma
solicitação de investigação ao Procurador-Geral de Justiça do Estado
do Rio, Hamilton Carvalhido.
Ontem, no início da noite, a Alerj
derrubou o veto de Alencar por 57
votos a 7. Seis deputados estavam
ausentes -Aluízio de Castro era
um deles.
Alencar terá que sancionar a lei
que tira a Cedae do PED, mas o governador determinou à Procuradoria Geral do Estado que conteste
a constitucionalidade da lei.
²
Disputa
O processo de privatização da
Cedae se arrasta há meses com
ações inclusive no STF (Supremo
Tribunal Federal) tentando impedir sua venda. O TCE (Tribunal de
Contas do Estado) não aceitou o
edital, que teve que ser refeito.
O governador eleito do Rio, Anthony Garotinho (PDT), também
já declarou que não concorda com
a privatização da companhia, cujo
leilão, marcado para segunda-feira
passada, foi suspenso por decisão
da Comissão de Valores Mobiliários e do STF.
²
Colaborou Toni Sciarretta, da Sucursal do Rio
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