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MINISTÉRIO PÚBLICO
Entidades discutem ações contra MP que institui multa
Procuradores estudam paralisação
MALU GASPAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os procuradores da República
vão discutir a proposta de paralisação da categoria em protesto
contra a medida provisória que
estabelece multa a quem propuser ações ou inquéritos policiais
ou administrativos "manifestamente improcedentes" contra autoridades públicas.
A decisão de convocar para fevereiro o Colégio dos Procuradores, uma assembléia geral da categoria, foi tomada ontem em reunião da Associação Nacional dos
Procuradores da República, que
também definiu os termos de
uma ação de inconstitucionalidade contra a medida.
A ação direta de inconstitucionalidade (Adin) defendida pela
entidade só pode ser apresentada
pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que avaliará se entra ou não com a ação
depois que voltar das férias. É
provável que seu substituto, Haroldo Ferraz da Nóbrega, não tome uma decisão sobre o assunto
nos próximos dias.
Para o presidente da ANPR,
Carlos Frederico Santos, a medida
provisória tem a intenção de inibir o trabalho dos procuradores.
"É como querer que o jogador faça gol sem chutar", afirmou.
Ele diz isso porque a medida
provisória estabelece multa de até
R$ 151 mil para quem entrar com
ação ou inquérito policial ou administrativo "manifestamente
improcedente". Também afirma
que está sujeito à punição quem
atribuir a alguém "fato de que o
sabe inocente".
Santos disse que já recebeu ligações de colegas que temem iniciar
ações e receber multa caso elas
não sejam julgadas procedentes.
Além dos procuradores federais, os promotores estaduais
também irão ingressar no Supremo Tribunal Federal com ação de
inconstitucionalidade contra a
medida provisória 2.088.
O Conamp, a associação nacional dos membros do Ministério
Público, também vai ingressar
com Adin contra a MP. É a terceira iniciativa do gênero. Além do
Conamp, o PDT já anunciou que
vai fazer o mesmo.
Em todos os casos, o argumento
principal é que a medida tenta limitar a ação do Ministério Público, cuja autonomia é garantida
pela Constituição. Para o presidente do Conamp, Marfan Martins Vieira, a medida provisória
representa um "cerceamento ao
combate dos atos de improbidade
administrativa".
A associação dos procuradores
designou ainda uma comissão para estudar se cabe ou não apresentar representação contra o presidente Fernando Henrique Cardoso à Câmara dos Deputados por
crime de responsabilidade.
Outra reação a ser adotada pelos procuradores da República será denunciar a medida provisória
a fóruns internacionais, como a
Corte Interamericana de Justiça, a
Associação Internacional dos
Promotores de Justiça, a Anistia
Internacional e a Transparência
Internacional.
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