São Paulo, sexta-feira, 05 de janeiro de 2001

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CONGRESSO

Em reunião, PFL apresentou proposta de renúncia de candidatos

Líderes aliados rejeitam ação de FHC em eleição

RAQUEL ULHÔA
FERNANDO RODRIGUES

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Jader Barbalho (PA) e os deputados líderes do PSDB, Aécio Neves (MG), e do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), rejeitaram a interferência do Palácio do Planalto no processo sucessório das Mesas do Congresso. Os três dizem descartar totalmente a possibilidade de renunciarem a suas candidaturas às presidências do Senado e da Câmara.
A proposta de renúncia dos candidatos foi apresentada pelo presidente do PFL, Jorge Bornhausen, em reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso anteontem. Participaram do encontro o vice-presidente, Marco Maciel (PFL), o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e os ministros tucanos Pimenta da Veiga (Comunicações) e Aloysio Nunes Ferreira (secretário-geral da Presidência).
A reunião foi marcada para que FHC entrasse nas negociações em busca de uma solução para o impasse gerado com o veto do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), à candidatura de Jader à sua sucessão.
Bornhausen falou sobre "zerar" o placar. Depois que os atuais candidatos abrissem mão da disputa, os partidos governistas delegariam a FHC a tarefa de conduzir as negociações.
Aparentemente, Bornhausen fez a proposta à revelia de Inocêncio. "Minha candidatura é irreversível. Já desisti em outras ocasiões. Desta vez, nada me fará renunciar. Vou até o fim", disse o pefelista ontem, ao saber da proposição de Bornhausen.
No encontro de anteontem, Temer também rechaçou a proposta. "Acho essa proposta absolutamente inviável no quadro atual. A candidatura de Jader é inafastável e irremovível", disse Temer.
Ainda assim, os presentes da reunião do Alvorada saíram de lá com a incumbência de levar essa idéia para seus partidos. Foi o suficiente para que Jader e Aécio reagissem de forma contrária.
Jader e Aécio declararam que não desistem. Criticaram a tentativa do PFL de envolver FHC no processo.
""Só quem decide pelo PMDB do Senado é a própria bancada de senadores. Não posso aceitar que quem não pertença à bancada discuta o assunto", afirmou Jader.
Ele disse que só não irá disputar a eleição em plenário se os senadores do partido não homologarem sua candidatura em reunião no final de janeiro.
Aécio se mostrou ainda mais irritado. Avalia que o objetivo do PFL é viabilizar a eleição de Inocêncio. "Quem busca interferência externa concluiu com clareza que não tem condições de vencer no voto. Além de uma humilhação, é uma demonstração de contradição de quem prega a autonomia do Legislativo ir ao Executivo pedir que imponha sua vontade."
O PSDB fechou um acordo com o PMDB para apoiar Jader no Senado em troca do apoio a Aécio na Câmara. O PFL está isolado na disputa.
Outro candidato a presidente da Câmara, o deputado Severino Cavalcante (PPB-PE), também rechaçou a renúncia coletiva. "É uma exorbitância total do Palácio. Minha candidatura não depende do Palácio. Eu vou até o fim. Eu não quero retirada de candidatura nenhuma", declarou.


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