São Paulo, sexta-feira, 05 de janeiro de 2007

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Sem crescimento, corte é ineficaz, dizem analistas

Diminuição de gastos foi anunciada por 21 Estados

DA AGÊNCIA FOLHA

Os cortes de gastos anunciados pelos governadores de 21 Estados não reduzirão o déficit nem ajudarão a fazer caixa para investimentos futuros caso não haja um crescimento maior da economia brasileira.
Essa é a opinião de especialistas ouvidos pela Folha. Após a posse, os governadores de AC, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MG, MT, MS, PA, PB, PE, PI, RJ, RN, RR, RS, SC, SE e SP anunciaram que diminuirão gastos.
"Nenhum governador conseguirá produzir grande folga fiscal se o país não tiver um bom comportamento macro", diz o professor de economia da Unicamp Geraldo Biasoto Jr, ex-assessor do governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Para o especialista em contas públicas Amir Khair, que foi secretário na gestão petista de Luiza Erundina (hoje no PSB) na Prefeitura de São Paulo (1989-1992), o efeito do aquecimento da economia poderá ser maior que o do enxugamento. "O aumento de receita [com maior crescimento] deve superar de longe a economia de despesas que os governadores pretendem fazer."
Guilherme Loureiro, economista da consultoria Tendências, avalia que a questão dos gastos públicos é justamente uma das principais causas do crescimento fraco do país. "Gastos muito altos e obrigatórios tendem a aumentar o risco e, portanto, os juros não caem a um ritmo tão forte", afirma.
Os especialistas consideram "naturais" os cortes. Para a professora de ciência política da USP Maria Hermínia Tavares de Almeida, é um indicador de que os governos estão preocupados com o equilíbrio das contas, "por mais que se possa dizer que uma ou outra medida possa ser para a platéia".
Albérico Mascarenhas, ex-presidente do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), diz que as medidas são positivas, desde que não prejudiquem a prestação de serviços à população. Segundo ele, "politicamente, é mais simples fazer isso no início".
Para o cientista político Michel Zaidan, da Universidade Federal de Pernambuco, os cortes serão feitos porque a atual distribuição tributária esvaziou os cofres dos Estados.

Paraná
No Paraná, haverá corte por "decisão política", segundo o porta-voz do governador Roberto Requião (PMDB), Benedito Pires. No dia da posse, Requião anunciou um boicote da publicidade oficial aos maiores veículos de comunicação do Estado, a quem acusa de ter trabalhado para derrotá-lo.
O orçamento do Paraná para este ano prevê gasto com publicidade 74% menor que no ano passado.
(SÍLVIA FREIRE, THIAGO REIS, FRANCISCO FIGUEIREDO e MARI TORTATO)

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