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Sem crescimento, corte é ineficaz, dizem analistas
Diminuição de gastos foi anunciada por 21 Estados
DA AGÊNCIA FOLHA
Os cortes de gastos anunciados pelos governadores de 21
Estados não reduzirão o déficit
nem ajudarão a fazer caixa para
investimentos futuros caso não
haja um crescimento maior da
economia brasileira.
Essa é a opinião de especialistas ouvidos pela Folha. Após
a posse, os governadores de AC,
AL, BA, CE, DF, GO, MA, MG,
MT, MS, PA, PB, PE, PI, RJ,
RN, RR, RS, SC, SE e SP anunciaram que diminuirão gastos.
"Nenhum governador conseguirá produzir grande folga fiscal se o país não tiver um bom
comportamento macro", diz o
professor de economia da Unicamp Geraldo Biasoto Jr, ex-assessor do governador de São
Paulo, José Serra (PSDB).
Para o especialista em contas
públicas Amir Khair, que foi secretário na gestão petista de
Luiza Erundina (hoje no PSB)
na Prefeitura de São Paulo
(1989-1992), o efeito do aquecimento da economia poderá ser
maior que o do enxugamento.
"O aumento de receita [com
maior crescimento] deve superar de longe a economia de despesas que os governadores pretendem fazer."
Guilherme Loureiro, economista da consultoria Tendências, avalia que a questão dos
gastos públicos é justamente
uma das principais causas do
crescimento fraco do país.
"Gastos muito altos e obrigatórios tendem a aumentar o risco
e, portanto, os juros não caem a
um ritmo tão forte", afirma.
Os especialistas consideram
"naturais" os cortes. Para a
professora de ciência política
da USP Maria Hermínia Tavares de Almeida, é um indicador
de que os governos estão preocupados com o equilíbrio das
contas, "por mais que se possa
dizer que uma ou outra medida
possa ser para a platéia".
Albérico Mascarenhas, ex-presidente do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), diz que as medidas são
positivas, desde que não prejudiquem a prestação de serviços
à população. Segundo ele, "politicamente, é mais simples fazer isso no início".
Para o cientista político Michel Zaidan, da Universidade
Federal de Pernambuco, os
cortes serão feitos porque a
atual distribuição tributária esvaziou os cofres dos Estados.
Paraná
No Paraná, haverá corte por
"decisão política", segundo o
porta-voz do governador Roberto Requião (PMDB), Benedito Pires. No dia da posse, Requião anunciou um boicote da
publicidade oficial aos maiores
veículos de comunicação do
Estado, a quem acusa de ter trabalhado para derrotá-lo.
O orçamento do Paraná para
este ano prevê gasto com publicidade 74% menor que no ano
passado.
(SÍLVIA FREIRE, THIAGO REIS, FRANCISCO FIGUEIREDO e MARI TORTATO)
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