São Paulo, #!L#Sábado, 05 de Fevereiro de 2000


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ESTADOS
Governadores baiano e paulista trocam críticas sobre guerra fiscal, que tucano chamou de aberração
Borges acusa Covas de "terrorismo fiscal"

do enviado especial

da Agência Folha em Curitiba

O debate sobre guerra fiscal explodiu no final da reunião dos governadores, quando todos os demais pontos já estavam acordados. Os governadores de São Paulo, Mário Covas (PSDB), e da Bahia, César Borges (PFL), trocaram várias acusações.
""Guerra fiscal é eufemismo. É uma ilegalidade. Os incentivos diferenciados são uma aberração. É um crime que se comete com São Paulo, um Estado que abriga 16 milhões de miseráveis", disse Mário Covas.
Borges respondeu: ""Eufemismo é o governador Covas chamar de guerra fiscal a tentativa de alguns Estados se desenvolverem industrialmente". Disse que a Bahia vai continuar usando a isenção do ICMS enquanto não houver um instrumento que diminua as diferenças entre os Estados.
O governador da Bahia lançou o debate na noite anterior, quando Covas ainda não havia chegado a Curitiba. Borges afirmou que o governador paulista estaria ameaçando sobretaxar produtos que recebem isenção em outros Estados como forma de ""melhorar a sua popularidade", que estaria em baixa em São Paulo.
Também disse que Covas estaria praticando ""terrorismo fiscal". O governador paulista chegou a Curitiba tentando evitar a discussão sobre o tema: ""Já passou essa fase do terrorismo. Já passou há alguns anos. Não vou responder. Eu escolho os meus adversários".
O debate foi proposto na reunião pelo governador do Acre, Jorge Viana (PT), quando o anfitrião, Jaime Lerner (PFL), já tratava de encerrar os trabalhos. ""Temos de ter maturidade para tratar desse assunto. Os Estados pobres do Norte acompanham o tema com preocupação", disse.
""O que falta ao país é uma política nacional de desenvolvimento, que trate as regiões de forma diferenciada", acrescentou.
O governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira (PSDB), afirmou que o país precisa encontrar formas de ""descentralizar o seu desenvolvimento econômico e industrial", mas não por meio de renúncia do ICMS.
Covas entrou no debate, ressaltando que o assunto não fora proposto por ele.
O governador paulista disse que o seu Estado é responsável por 48% da arrecadação do país. ""Disso, 3% vão para o Banco do Nordeste e 3% para o Banco da Amazônia. E, mesmo assim, nunca me levantei contra isso."
O governador paulista reconheceu, porém, que o tema é polêmico. E fez uma brincadeira com o governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB): ""Vocês viram um provável candidato a presidente do nosso partido defender a guerra fiscal".


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