São Paulo, domingo, 05 de fevereiro de 2006

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PAINEL

Mudança de rota
Embalado pela recuperação de Lula, um seleto grupo de petistas prepara o mais recente plano de vôo da reeleição, com enfâse nas regiões metropolitanas de Sul e Sudeste, onde o presidente, a exemplo do que fez em 2003, voltará a concentrar sua agenda.

Arca perdida
Na busca da classe média, o Planalto priorizará palanques em fábricas, usinas e universidades federais em São Paulo. Lula já avisou que pretende ir à inauguração da unidade da Gerdau no interior paulista.

Manual de instruções
As conversas do grupo se transformarão em um relatório que orientará a pré-campanha. Uma recomendação é não dar toda a atenção ao PMDB, prestigiando também outros aliados.

Aditivado
Na viagem à África, Lula vai aproveitar um seminário sobre segurança energética e meio ambiente, em Pretória (África do Sul), para enaltecer a produção de dois combustíveis "limpos": o biodiesel e o álcool.

Agora vai
O governo tenta também construir com Fiesp e CNI um pacote de incentivos para investidores internacionais, a ser lançado ainda este ano. A idéia é alongar a dívida pública e turbinar os indicadores econômicos para a campanha à reeleição.

O amor é lindo 1
Do governador Germano Rigotto (RS) sobre o hoje aliado Orestes Quércia, em 1994, quando o paulista era pré-candidato ao Planalto: "Quércia não uniria o PMDB. Além disso, passaria a campanha dando explicações sobre seu patrimônio."

O amor é lindo 2
De Quércia, que tentava vencer o PMDB gaúcho, interessado em boicotar sua candidatura: "Tenho pena do Pedro [Simon]. Ele está morto e não sabe. Alguém precisa enterrá-lo." Hoje, os dois estão com Rigotto.

Caso arquivado 1
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho, arquivou sexta o inquérito de 2004 que apurava suspeita de enriquecimento ilícito contra os pefelistas Gilberto Kassab e Rodrigo Garcia, presidente da Assembléia paulista.

Caso arquivado 2
O Ministério Público concluiu que a variação patrimonial do vice-prefeito de São Paulo e do deputado se deu com recursos de origem justificada e que não há base para acusá-los de improbidade administrativa.

Página virada
Na ânsia de ligar o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo aos tucanos, o PT parece ter esquecido sua antiga idéia fixa: o banqueiro Daniel Dantas. O partido deixou de fazer carga pelas dezenas de requerimentos de quebra de sigilo de pessoas ligadas a ele que estão parados nas CPIs.

Bipolar
Parlamentares da CPI dos Correios estranharam a mudança de comportamento de Jorge Bittar (PT-RJ). De incansável combatente na luta contra a oposição, ele passou a discreto articulador de bastidores. Desde o aprofundamento da investigação dos fundos de pensão.

Homem do saco
Na última reunião da CPI dos Correios, o sub-relator Gustavo Fruet (PSDB-PR) bateu numa tecla incômoda para o PT: quer remarcar os depoimentos de Soraya Garcia, ex-assessora do partido em Londrina, e de Solange Oliveira, secretária do ex-tesoureiro Delúbio Soares.

Arqueologia da crise
A Agência Reguladora de Águas e Saneamento do Distrito Federal se instalou no andar do prédio onde, antes do mensalão, funcionava a sede do PT em Brasília. Funcionários ainda não sabem o que fazer com uma mesa de granito na qual há uma grande estrela incrustada.

TIROTEIO

Do cientista político Rubens Figueiredo, do Cepac (Centro de Pesquisa, Análise e Comunicação), sobre acordo entre governo e oposição que adiou depoimentos à CPI de Duda Mendonça e Dimas Toledo:
-O acordão é o darwinismo à brasileira. Na hora do perigo, surgem os predadores das instituições e da democracia.

CONTRAPONTO

Fim da utopia

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), reuniu os líderes na semana passada para discutir as propostas de redução de custos de campanha, e Luciana Genro (PSOL-RS) foi logo discordando das medidas.
Segundo a deputada, elas não seriam capazes de impedir o abuso econômico na eleição.
Aldo a fitou longamente em silêncio e depois perguntou:
-Deputada, a senhora conhece o rio Amazonas?
Luciana disse que não. O presidente prosseguiu:
-Pois bem, são vários quilômetros, de margem a margem. Agora, imagine a senhora entrar no rio Amazonas e tentar pará-lo só com as mãos.
Diante da cara de incompreensão de todos, o "comunista" Aldo arrematou:
-É mais ou menos a mesma possibilidade de evitar a influência do poder econômico nas eleições de um país capitalista.


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