São Paulo, domingo, 05 de fevereiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/DATAFOLHA

Avaliação volta ao nível pré-crise; crescimento se concentra entre os que ganham menos

Com apoio dos mais pobres, taxa de aprovação a Lula sobe

DANIEL BRAMATTI
EDITOR-ADJUNTO DE BRASIL

Após enfrentar uma perda progressiva de popularidade ao longo do segundo semestre do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuperou neste mês as taxas de aprovação que tinha antes do escândalo do "mensalão" e do início das investigações sobre seu governo por três CPIs.
Em pesquisa Datafolha realizada nos dias 1º e 2 de fevereiro, o governo Lula foi avaliado como ótimo ou bom por 36% dos entrevistados -oito pontos percentuais a mais do que no levantamento anterior, feito em dezembro. Os que consideram a gestão ruim ou péssima passaram de 29% para 23%, e a avaliação regular oscilou dentro da margem de erro, de 41% para 39%.
Lula deve toda sua recuperação à avaliação que os mais pobres fazem do governo. O crescimento das taxas de bom e ótimo se concentrou entre os que ganham até cinco salários mínimos (variação de nove pontos percentuais) e entre cinco e dez salários mínimos (oito pontos).
Entre os que têm renda superior a dez salários mínimos, a aprovação teve oscilação positiva de apenas um ponto percentual -o que é estatisticamente desprezível. Mas a taxa de ruim e péssimo caiu cinco pontos, de 46% para 41%.

Grau de instrução
A avaliação do governo melhorou em todas as faixas de escolaridade, mas de forma mais acentuada entre os menos instruídos. A gestão é boa ou ótima para 40% dos entrevistados que cursaram até o ensino fundamental. Entre os que têm curso superior, essa taxa é de apenas 27%. Na pesquisa anterior, esses índices eram, respectivamente, de 31% e 24%.
A recuperação de Lula entre os mais pobres e menos escolarizados coincide com o anúncio do aumento do salário mínimo de R$ 300 para R$ 350 a partir de abril e com a divulgação do índice de desemprego de dezembro, de 8,3%, o mais baixo desde março de 2002, segundo o IBGE.
No período entre a pesquisa anterior e a atual, Lula também se expôs mais na mídia -deu uma entrevista de 35 minutos ao "Fantástico", da TV Globo, transmitida no início do ano- e visitou obras em diversos pontos do país, entre elas as do programa "tapa-buracos", que tem como meta a recuperação de 26.500 quilômetros das estradas federais.
No final do ano passado, um evento no Palácio do Planalto comemorou a ampliação do número de beneficiados pelo Bolsa-Família -carro-chefe da área social do governo- para 8,7 milhões.
O Bolsa-Família também foi um dos programas destacados na ofensiva publicitária lançada pelo governo no final do ano passado.
Na campanha, que abrangeu rádio, televisão, jornais e outdoors no Distrito Federal e em cinco Estados do Sul e do Sudeste, o Planalto destacou, entre outros pontos, a criação de 3,7 milhões de vagas no mercado de trabalho, com carteira assinada, desde 2003.

"Mensalão"
A crise do "mensalão" começou em junho de 2005, quando o então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), em entrevista à Folha, acusou o PT de pagar uma mesada de R$ 30 mil a parlamentares da base de apoio ao governo.
Pesquisa Datafolha feita poucos dias antes do início da crise mostrou a gestão Lula com taxa de aprovação de 35%, índice que ficou praticamente estável no levantamento realizado dez dias depois da entrevista.
A partir de então, com o surgimento de novas acusações e o início das investigações do caso pelo Congresso, o governo começou a perder apoio mês a mês. A queda só foi estancada em dezembro -quando a taxa de bom e ótimo foi de 28%, repetindo o piso registrado dois meses antes- e revertida na última pesquisa, com a volta aos patamares pré-crise.


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