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ELEIÇÕES 2006/DATAFOLHA
Avaliação volta ao nível pré-crise; crescimento se concentra entre os que ganham menos
Com apoio dos mais pobres, taxa de aprovação a Lula sobe
DANIEL BRAMATTI
EDITOR-ADJUNTO DE BRASIL
Após enfrentar uma perda progressiva de popularidade ao longo
do segundo semestre do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuperou neste mês as
taxas de aprovação que tinha antes do escândalo do "mensalão" e
do início das investigações sobre
seu governo por três CPIs.
Em pesquisa Datafolha realizada nos dias 1º e 2 de fevereiro, o
governo Lula foi avaliado como
ótimo ou bom por 36% dos entrevistados -oito pontos percentuais a mais do que no levantamento anterior, feito em dezembro. Os que consideram a gestão
ruim ou péssima passaram de
29% para 23%, e a avaliação regular oscilou dentro da margem de
erro, de 41% para 39%.
Lula deve toda sua recuperação
à avaliação que os mais pobres fazem do governo. O crescimento
das taxas de bom e ótimo se concentrou entre os que ganham até
cinco salários mínimos (variação
de nove pontos percentuais) e entre cinco e dez salários mínimos
(oito pontos).
Entre os que têm renda superior
a dez salários mínimos, a aprovação teve oscilação positiva de apenas um ponto percentual -o que
é estatisticamente desprezível.
Mas a taxa de ruim e péssimo caiu
cinco pontos, de 46% para 41%.
Grau de instrução
A avaliação do governo melhorou em todas as faixas de escolaridade, mas de forma mais acentuada entre os menos instruídos. A
gestão é boa ou ótima para 40%
dos entrevistados que cursaram
até o ensino fundamental. Entre
os que têm curso superior, essa taxa é de apenas 27%. Na pesquisa
anterior, esses índices eram, respectivamente, de 31% e 24%.
A recuperação de Lula entre os
mais pobres e menos escolarizados coincide com o anúncio do
aumento do salário mínimo de
R$ 300 para R$ 350 a partir de
abril e com a divulgação do índice
de desemprego de dezembro, de
8,3%, o mais baixo desde março
de 2002, segundo o IBGE.
No período entre a pesquisa anterior e a atual, Lula também se
expôs mais na mídia -deu uma
entrevista de 35 minutos ao "Fantástico", da TV Globo, transmitida no início do ano- e visitou
obras em diversos pontos do país,
entre elas as do programa "tapa-buracos", que tem como meta a
recuperação de 26.500 quilômetros das estradas federais.
No final do ano passado, um
evento no Palácio do Planalto comemorou a ampliação do número de beneficiados pelo Bolsa-Família -carro-chefe da área social
do governo- para 8,7 milhões.
O Bolsa-Família também foi um
dos programas destacados na
ofensiva publicitária lançada pelo
governo no final do ano passado.
Na campanha, que abrangeu rádio, televisão, jornais e outdoors
no Distrito Federal e em cinco Estados do Sul e do Sudeste, o Planalto destacou, entre outros pontos, a criação de 3,7 milhões de vagas no mercado de trabalho, com
carteira assinada, desde 2003.
"Mensalão"
A crise do "mensalão" começou
em junho de 2005, quando o então deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ), em entrevista à Folha,
acusou o PT de pagar uma mesada de R$ 30 mil a parlamentares
da base de apoio ao governo.
Pesquisa Datafolha feita poucos
dias antes do início da crise mostrou a gestão Lula com taxa de
aprovação de 35%, índice que ficou praticamente estável no levantamento realizado dez dias
depois da entrevista.
A partir de então, com o surgimento de novas acusações e o início das investigações do caso pelo
Congresso, o governo começou a
perder apoio mês a mês. A queda
só foi estancada em dezembro
-quando a taxa de bom e ótimo
foi de 28%, repetindo o piso registrado dois meses antes- e revertida na última pesquisa, com a
volta aos patamares pré-crise.
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