|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006/CAMPANHA
Presidente acredita que bom relacionamento de ministro com empresários e banqueiros facilitaria a arrecadação de recursos
Lula cogita Palocci para chefiar campanha
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a queda da verticalização,
regra que obriga os partidos a repetir nos Estados a coligação nacional, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva acha que resolveu
metade dos problemas que teria
para firmar alianças eleitorais.
Agora, sua preocupação principal
é como organizar as finanças de
uma campanha à reeleição na seqüência da crise do caixa dois. Lula prevê que enfrentará dificuldade para arrecadar recursos.
Nesse contexto, Lula cogita indicar o ministro Antonio Palocci
Filho para a coordenação de sua
campanha. A Folha apurou que
os dois já tiveram pelo menos
duas conversas sobre o assunto.
Caso se concretize a ida de Palocci para a campanha, o ministro
da Fazenda deixaria seu número
2, o secretário-executivo Murilo
Portugal, no comando da pasta.
Portugal ganhou a confiança de
Lula e auxiliares. Tem participado
freqüentemente de reuniões com
o presidente.
No ano passado, quando Palocci pediu demissão três vezes, Lula
rejeitou a possibilidade de indicar
Portugal como substituto. Motivo: trabalhou no governo FHC e é
bem-relacionado com os tucanos.
Hoje, essa restrição não existe
mais. Ficaria claro que a substituição seria temporária.
Palocci comandaria a campanha a exemplo da equipe de transição entre os governos FHC e Lula, no final de 2002. E teria a ajuda
de um empresário escolhido a dedo para ser o tesoureiro oficial.
Na eleição de 2002, Palocci cuidou do programa de governo.
Após a "Carta ao Povo Brasileiro", feita sob medida para agradar
ao mercado, Palocci passou a falar
com grandes empresários.
Nessa posição, ele foi uma arrecadador de recursos extra-oficial.
Delúbio Soares cuidava da área,
mas Palocci fazia as articulações
no mundo dos negócios.
A "solução Palocci" na campanha de Lula seria uma forma de
reiterar o prestígio do ministro no
governo e não de se livrar dele para uma eventual guinada na política econômica, como gostariam
alguns setores do PT. Se Lula se
reeleger, Palocci deverá continuar
a ser o seu ministro da Fazenda.
O próprio Palocci discorda do
grau de ortodoxia da política monetária. Acha que o Banco Central
manteve os juros em patamar
muito elevado durante um tempo
longo e maior do que necessário.
Porém, prefere sempre bancar de
público as decisões do BC, mesmo a contragosto, para evitar desconfiança sobre sua política.
Ainda que fique no governo, Palocci terá papel de destaque na
campanha de Lula. Poderá até fazer contatos com empresários, o
que poderia abrir portas para um
arrecadador de recursos oficial.
Quando discutiram o formato
de uma coordenação de campanha e de arrecadação de recursos,
Lula e Palocci avaliaram o risco de
o ministro ser incomodado pelas
suspeitas de corrupção no tempo
em que foi prefeito de Ribeirão
Preto e de tráfico de influência de
ex-auxiliares na Fazenda.
O eventual peso e repercussão
dessas suspeitas numa indicação
de Palocci para a campanha será
avaliado antes da eventual nomeação dele.
Texto Anterior: Pesquisa ouviu 2.590 pessoas em 153 cidades Próximo Texto: Presidente perde 12 kg e brinca com ministros que tentam emagrecer Índice
|