São Paulo, domingo, 05 de fevereiro de 2006

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CONVERGÊNCIA

Mesmo com o PT ferido, as eleições deste ano deverão ficar divididas entre o partido de Lula e o PSDB. Apesar disso, Maria Hermínia Tavares de Almeida acredita que a disputa não será "polarizada" porque os adversários "estão convergindo".
"Existe uma enorme convergência entre PT e PSDB. Petistas e peessedebistas não gostam de ouvir isso, mas qualquer observador mais externo verificará que há uma enorme convergência em torno de questões importantes da política deste país", afirmou.
Para a professora, "há uma enorme continuidade na política do PT em relação à do PSDB, não só na política econômica". "Não acredito que dessa disputa, seja lá quem ganhe, saia uma possibilidade de uma mudança muito radical na política econômica ou nas linhas de política social."
"Acho cedo para dizer, mas se [a disputa] vai ser organizada em dois pólos e se eles vão ser PT e PSDB, o que vai distinguir os dois pólos?", questionou Marcos Nobre. Segundo ele, "para haver dois pólos, é preciso haver alguma diferença". "E o problema é que as marcas distintivas do PT se perderam pelo caminho."
O discurso nas eleições, por isso, pode ser baseado em comparações de governo. Nobre levantou a questão de esse tipo de debate, "completamente novo", ser ou não aceito pelo eleitorado.
"O que o próximo presidente fará para justificar sua vitória? Ou será que PT e PSDB realmente não têm muito a dizer de diferente um do outro?", questionou Fernando Luiz Abrucio, que acredita que os desempenhos dos candidatos em seus mandatos será decisivo. "Os principais candidatos a presidente têm cargos executivos, portanto, os desempenhos serão fundamentais para a decisão dos eleitores."

Alckmin x Serra
Um racha no PSDB entre José Serra e Geraldo Alckmin pode acabar com a chance que a oposição tem de vencer o PT, acha Abrucio. "Se não houver um pacto entre Alckmin e Serra, que envolva promessas futuras dentro de um grupo do PSDB, a oposição perderá a chance de ganhar a eleição, o que tinha se tornado fácil, de certa maneira."
Para Abrucio, enquanto Serra é um candidato "realidade", por já ter concorrido a uma eleição presidencial, Alckmin é "aposta". "Entre aposta e realidade, eu acho que, no fim de março, será a realidade que vai definir o candidato."


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