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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CONEXÃO RIBEIRÃO
Órgão pretende restringir utilização de veículos de terceiros por ministros de Estado
Comissão de Ética Pública muda regra sobre "caronas"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Comissão de Ética Pública vai
criar regras para determinar em
que circunstâncias uma autoridade deve ou não usar veículos cedidos pela iniciativa privada. A decisão foi tomada a partir do debate gerado pelas explicações do ministro Antonio Palocci (Fazenda)
por ter voado no avião do empresário Roberto Colnaghi.
Segundo o presidente da Comissão de Ética, Fernando Neves,
as novas normas deverão "vedar"
a utilização de veículos de terceiros por ministros de Estado nas
condições em que Palocci viajou
na aeronave de Colnaghi em 2003.
Em depoimento à CPI dos Bingos, Palocci responsabilizou o PT
pelo uso do avião de Colnaghi,
alegando que a direção do partido
alugou a aeronave para que ele
pudesse comparecer a um evento
organizado pela legenda.
A Comissão de Ética aceitou as
explicações de Palocci sem que ele
apresentasse provas. "A gente
parte [do pressuposto de] que o
ministro está dizendo a verdade."
As novas regras devem ser concluídas em dois ou três meses, já
valendo para as eleições.
Leia a seguir trechos da entrevista que Neves concedeu à Folha:
Folha - O ministro Palocci apresentou à Comissão de Ética alguma
prova, nota fiscal, do pagamento
do aluguel do avião?
Fernando Neves - Não, acho que
não. Acho que apresentou uma
nota pública do partido assumindo a responsabilidade.
Folha - A comissão procurou o
partido?
Neves - Não, o partido não é jurisdicionado da comissão, nós
não cuidamos das coisas de partidos. O ministro não tem, evidentemente, nenhuma nota fiscal. Se
o partido pagou, se o partido alugou, se emprestou, isso a comissão não examina, o Ministério Público é que pode examinar.
Folha - Para a comissão, basta
que o ministro apresente uma explicação do partido?
Neves - Ele não podia viajar
num avião do governo, por ser
um evento político-partidário.
Então, a recomendação da comissão, que nós estamos agora revendo, era que ele deveria ir às custas
do partido.
Folha - A Comissão de Ética vai rever essas regras?
Neves - A comissão entendeu
que é necessário rever essas normas para evitar dúvidas futuras
tanto no que diz respeito ao comportamento das autoridades no
curso de uma campanha política,
quanto em relação ao recebimento dessas vantagens, de fornecimento de transporte aéreo por
terceiros a ministros de Estado, a
autoridades. Nós não tínhamos
uma norma sobre isso.
Vamos criar uma norma sobre
isso, e acho que nós vamos vedar
isso. Hoje, Palocci diz que agiu de
acordo, e realmente a regra era essa. Mas vamos rever isso.
Folha - E se o partido não conseguir provar que pagou pela utilização do veículo?
Neves - Esse é um problema do
partido. O partido não tem que
provar isso para a comissão. O
partido não precisa ter pago, pode
ter recebido de graça, pode ter sido um favor.
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