São Paulo, segunda-feira, 05 de fevereiro de 2007

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Lula tem de exercer influência no PT, diz Tarso

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dos autores do polêmico documento que defende a "refundação" do PT, o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) diz não concordar com a tese de que o partido deve buscar independência em relação ao governo: "O presidente tem de exercer influência sobre o partido, ao contrário do que alguns colegas colocam". Para Tarso, a vitória de Arlindo Chinaglia (PT-SP) não confere ao grupo que articulou sua campanha a presidente da Câmara poder para pressionar por mais ministérios.  

FOLHA - Representantes do Campo Majoritário estão resistindo à tese da refundação do PT. O que sr. acha?
TARSO GENRO
- Sou um conciliador. Se não gostarem da palavra "refundação" podemos mudar para "renovação profunda".

FOLHA - A queixa será a mesma.
TARSO
- A questão do Campo Majoritário, se é refundação, se é renovação, é absolutamente secundária. O que temos de debater é o conteúdo das questões e dar profundas explicações para a base do partido. Ao contrário do que se possa pensar, isso não é uma crise do partido. Não, há uma crise que vem de três anos atrás, reconhecida por todos. Isso é mais um mérito do PT, saber debater os seus problemas e suas grandezas.

FOLHA - Ao pregar a reflexão sobre questões como mensalão, o grupo de José Dirceu avalia que o documento tem endereço certo.
TARSO
- Não acho que o texto tem de refletir especialmente sobre quaisquer desses fatos, mensalão, sanguessugas. Temos de discutir que tipo de método de direção política proporcionou condições para que essas coisas ocorressem.

FOLHA - A vitória de Arlindo Chinaglia na Câmara não deu mais força ao grupo paulista, especialmente do Campo Majoritário, para resistir a essa refundação do PT?
TARSO
- Não. Primeiro, porque o Arlindo foi apoiado por todas as correntes. Segundo, porque ele é um sujeito muito inteligente e sabe que tem a oportunidade de se tornar uma grande referência nacional do partido e não vai deixar se instrumentalizar por nenhuma tendência.

FOLHA - Petistas que participaram da campanha de Chinaglia já sinalizaram que vão pressionar por mais espaço no governo Lula?
TARSO
- Nosso documento tem um parágrafo muito claro a respeito da relação com o presidente Lula. Defende não só o governo Lula como também a autoridade política do presidente. Achamos que o presidente tem de exercer influência sobre o partido, ao contrário do que alguns colegas colocam.

FOLHA - Mas eles já insinuaram que vão exigir mais?
TARSO
- Lula vai nomear um ministério de acordo com a correlação de forças da coalizão. O PT não tem de fazer demanda por mais espaço ou por menos espaço para outro partido.


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