|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lacerda ainda é homem-forte do PT no ABC
DA REPORTAGEM LOCAL
Fora do PT desde a explosão
do caso do dossiê, Hamilton Lacerda continua sendo o homem-forte do partido em São
Caetano do Sul (ABC paulista),
sua base política, e mantém canais de comunicação com o comando do Diretório Estadual.
Segundo petistas que conversaram com a Folha nas últimas
três semanas e pediram para
ter seus nomes mantidos no
anonimato, ele é apresentado
como um "mártir" da reeleição
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva nos encontros partidários no ABC e na capital.
Na última quinta-feira, por
exemplo, uma festa para cerca
de cem convidados, organizada
por familiares e amigos, comemorou os 41 anos de Lacerda
em um sindicato de São Caetano. Além de marcar seu aniversário, o evento foi uma das
ações de seus apoiadores para
resgatar a estima do ex-petista,
abalada após o escândalo.
Até o surgimento das investigações do caso dossiê, em setembro do ano passado, Lacerda era um dos principais assessores da campanha do então
candidato a governador de São
Paulo pelo PT, o senador Aloizio Mercadante.
Com o escândalo, o ex-vereador de São Caetano foi afastado
sumariamente da campanha
por Mercadante.
Em seguida, Lacerda, um dos
mais influentes nomes do PT
no ABC paulista, pediu sua desfiliação ao Diretório Municipal
de São Caetano.
Para seus adversários, o pedido fez parte de uma estratégia para que Lacerda deixasse
os holofotes, mas mantivesse o
poder e o prestígio no PT.
Em seus depoimentos nas
investigações do caso, ele negou o envolvimento de Mercadante e do Planalto na estratégia que teve como principais
protagonistas os "aloprados",
na classificação de Lula.
"O Hamilton ainda tem muita liderança dentro do PT de
São Caetano", diz o vereador da
cidade Edgar Nóbrega (PT),
que divulgou recentemente um
texto na internet criticando os
que enxergam na postura de
Lacerda "um sacrifício pessoal
em favor do coletivo".
A mulher de Lacerda, Isabel
Fonseca, é vice-presidente do
PT na cidade. O presidente do
diretório, Ricardo Rios, o conhece há pelo menos 20 anos e
se elegeu para o cargo com o
apoio do ex-petista.
Rios nega que Lacerda ainda
exerça influência, mas não critica o ex-companheiro.
"Quando ele me procurou
pedindo a desfiliação, aceitei
imediatamente. Não tenho
mais contato com ele e quero
levar o partido adiante. Todo
mundo perdeu com esse episódio. Precisamos agora pensar
no futuro do PT", afirma Rios.
Para ele, não há hipótese de
Lacerda voltar ao partido, como cogitam adversários. "O caminha de volta é muito difícil."
Segundo a Folha apurou, o
grupo contrário ao poder de
Lacerda em São Caetano levou
o caso ao Diretório Estadual do
PT em São Paulo, mas a direção
demonstrou pouco interesse.
Ele fala quase diariamente
com um dos integrantes da
Executiva paulista muito próximo do presidente do PT no
Estado, Paulo Frateschi.
Indiciado pela PF, Lacerda
tem levado uma vida digna de
um "mártir", na opinião de
seus amigos. Raramente aparece em público, sofre com crises
de depressão e ainda não conseguiu retomar por completo o
trabalho em sua imobiliária.
Procurado pela Folha, Lacerda não quis dar entrevista.
Segundo seu advogado, Alberto
Toron, ele irá aguardar a conclusão do inquérito sobre o caso para se manifestar.
(JOSÉ AL
BERTO BOMBIG)
Texto Anterior: Inquérito do dossiê ignora ligação de Gedimar Próximo Texto: Em ano eleitoral, governo turbina saúde e assistência Índice
|