São Paulo, sexta-feira, 05 de fevereiro de 2010

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Petrobras cancela licitação de agências

Pesou na decisão a ameaça de 15 participantes de entrar com recurso devido a vazamento dos nomes das mais bem classificadas

Segundo empresa, processo foi suspenso para que não restasse dúvida quanto a sua lisura; será feito novo edital para próxima licitação


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
CÁTIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio a uma disputa interna, a Petrobras decidiu ontem cancelar a licitação para a escolha das três agências de publicidade que vão partilhar a conta da companhia -de R$ 250 milhões ao ano, uma das mais cobiçadas do país.
Apesar do vazamento do nome das três agências mais bem classificadas na fase mais importante da licitação -que praticamente definiu a concorrência-, a Petrobras relutava em cancelar a licitação.
Primeiro, a empresa defendeu, em nota, a continuidade do processo sob alegação de que a análise técnica da proposta de cada uma das agências havia sido encerrada antes do vazamento da informação pelo site. Não explicou, porém, como o nomes das concorrentes foram publicados já que estavam em código só revelado pela abertura dos envelopes.
Na terça-feira, a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Graça Foster, disse, no exercício da presidência da companhia, que naquele momento estava mantida a licitação sob a mesma justificativa e por orientação da área jurídica da empresa, que mandara seguir com a concorrência antes de qualquer decisão final sobre o assunto.
Após viagem ao exterior, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, voltou na quarta ao país e, com o aval de toda a diretoria, decidiu cancelar a licitação para que não restasse dúvida quanto à lisura do processo.
Pesou na decisão a pressão das 15 agências evolvidas na licitação, que ameaçaram entrar com um recurso em bloco contra o vazamento do nome das agências mais bem classificadas -Heads, Dentsu e Quê- e até mesmo ir à Justiça.
Durante a abertura dos envelopes na quinta-feira da semana passada, representantes das empresas exigiram que o vazamento fosse registrado na ata.
A demora em cancelar a licitação ocorreu em razão de uma disputa interna na Petrobras. Tanto a comissão de licitação como o gerente da área de comunicação da empresa, Wilson Santarosa, defendiam a continuidade do processo licitatório.
A companhia afirmou que "não surgiu nenhum fato novo para a Petrobras tomar a decisão de revogar a licitação".
Em nota, a Petrobras afirmou que "um novo edital será lançado em breve e trará aprimoramentos no processo licitatório", sem detalhar as mudanças em estudo.
Apesar do cancelamento, a estatal defendeu novamente a condução do processo em nota divulgada ontem, na qual reafirma que a divulgação não comprometeu a análise.
A Petrobras reiterou também que o modelo de licitação sem a identificação do proponente será mantido.
À Folha o presidente da Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade), Luiz Lara, disse que a decisão "foi prudente" e "mostrou o zelo pela reputação de uma marca admirada no país todo".


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