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Filha de secretário de GO cobra propina de entidade beneficente
Vídeo mostra Aniela Braga recebendo dinheiro de órgão que atende carentes e doentes de câncer
VINICIUS SASSINE
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM GOIÂNIA
Dois vídeos entregues ao Ministério Público de Goiás mostram a filha do secretário estadual da Fazenda, Jorcelino
Braga (PP), recebendo maços
de dinheiro da presidente de
uma entidade que atende pessoas carentes e com câncer.
Autora da gravação, a presidente da Renafé (Associação
Renascer da Fé), Ivone Francisco dos Santos, acusa Aniela
Braga de cobrar propina de 10%
sobre repasses à entidade efetuados pelo governo de Goiás.
O pai de Aniela é um dos pré-candidatos à sucessão do governador Alcides Rodrigues
(PP). Ele diz desconhecer as supostas atividades da filha.
Só no segundo vídeo o montante entregue é revelado: Ivone dá cinco maços e afirma que
ali estão R$ 4.800. Aniela coloca o dinheiro nos bolsos.
O Ministério Público abriu
inquérito para investigar crime
contra a administração pública,
improbidade administrativa e
extorsão. Os vídeos foram gravados no início deste ano.
Nos vídeos, Aniela faz referência ao pai. "Tem de conversar com o dono dos porcos", diz.
"Quem é o dono?", pergunta
Ivone. "Meu pai", responde ela.
Jorcelino Braga pôs o cargo à
disposição, mas o governador
recusou sob o argumento de
que os vídeos têm propósito de
"desestabilizar o governo".
Uma lei estadual de 16 de dezembro de 2008, assinada pelo
governador Alcides Rodrigues
e por Jorcelino Braga, autoriza
a doação de R$ 17,6 milhões do
Estado a 22 entidades assistenciais. A Renafé foi uma das beneficiadas, com R$ 248,2 mil.
Num dos vídeos, Aniela cobra R$ 24,8 mil de comissão referente ao convênio (ou 10%).
Em outro trecho, a filha do
secretário afirma que, "quando
põe a mão na massa, o trem
sai". Elas falam sobre audiência
com Jorcelino Braga e outro
convênio, com a Secretaria de
Cidadania, de R$ 216 mil.
A Renafé recebeu também da
Celg, concessionária de energia
elétrica de Goiás. Em depoimento ao Ministério Público
em 22 de janeiro, o secretário
de Fazenda confirma o convênio entre a empresa e a entidade "no valor de R$ 10 mil a R$
15 mil". Ivone, em depoimento,
afirmou que foi feito um contrato de doação de R$ 54 mil à
entidade, mais um repasse
mensal de R$ 23,4 mil.
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