São Paulo, quarta, 5 de fevereiro de 1997.

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REPERCUSSÃO
Fernando Henrique Cardoso, presidente da República - "Conheci Paulo Francis há muitas décadas. Foram tantos os encontros em Nova York, em circunstâncias tão diversas (o Brasil debaixo do regime autoritário e, agora, na democracia) que, se eu fosse rememorar, ocupariam muitas páginas. Nem sempre estivemos juntos nas análises e nas opiniões. Mas sempre Paulo Francis, para mim, significou a coragem, a imaginação e a integridade de um grande jornalista. Foi imensa a perda."

Millôr Fernandes, escritor e colega de Paulo Francis no "Pasquim" - Podem falar muita coisa do Francis, menos que fosse uma figura que passasse sem ser notada. Era uma pessoa que tinha opinião, coisa rara no Brasil. E tinha uma característica que poucos conheciam: tinha um lado extremamente carente e doce.''

Sérgio Britto, ator - ``Era muito contraditório. Devia ter, de inimigos, o equivalente ao triplo do que tinha de amigos. Viabilizou uma crítica de teatro feroz, mas uma crítica. Não concordo com o Francis dos últimos tempos. Acho que sua veemência às vezes virava rabujice. Não concordo com sua implicância contra negros e homossexuais.''

Nelson Motta, jornalista e produtor musical - ``Quando estava de bom humor, era engraçado. De mau humor, era engraçadíssimo. É um dos últimos grandes titãs da cultura brasileira, da raça de Nelson Rodrigues e Glauber Rocha.''

Sábato Magaldi, crítico teatral - "Sinto de o Paulo Francis não ter desenvolvido seu talento como ator e diretor de teatro. Acabou deixando a crítica teatral porque tinha interesses ligados à política. Discordo frontalmente de todas as suas posições políticas nos últimos anos, mas considero Francis um brilhante jornalista."

José Celso Martinez Corrêa, diretor de teatro - "Adoro o Francis. Admiro o brilho dele escrevendo. Ele soube como ninguém mostrar o mundo como um espetáculo político. Enquanto jornalista, foi extremamente teatral, mesmo tendo falado coisas absurdas."

Diogo Mainardi, escritor - "Francis era muito meu amigo. Em um país de gente conformista como o Brasil, fará uma falta enorme. Cumpria sozinho o papel de ir em direção contrária ao jornalismo subserviente com o poder."

Wilson Martins, crítico literário - ``Não vejo nenhum outro jornalista que tivesse a influência, a popularidade, o número de leitores e a liberdade que teve nos jornais por que passou.''

Jorge Zahar, editor - ``Pena que morreu antes de fazer seu romance. O que queria mesmo era ser um romancista.''

Jom Tob Azulay, diretor do filme "O Judeu" - "No início do período militar era muito visado por ser a voz de reação ao golpe. Seu traço mais marcante era a generosidade. Estava sempre pronto a ajudar os amigos, era a pessoa mais sem ódio e rancor que conheci."

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