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País espera resolver divergências com os EUA
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Há uma euforia no governo e
uma expectativa de aumentar o
acesso de produtos nacionais
no mercado americano com
dois encontros que ocorrem
neste mês: a visita de George W.
Bush ao Brasil, nos dias 8 e 9, e a
de Lula aos EUA, no dia 31.
Mas a lista de problemas entre os dois países, embora sob
controle, não é pequena. As divergências vão de tarifas abusivas para a importação do álcool
brasileiro a desacordos políticos como a invasão do Iraque,
criticada pelo Brasil, e a reforma do Conselho de Segurança
da ONU, que os EUA resistem.
Segundo o último relatório
comercial feito pela Embaixada
do Brasil em Washington, cerca
de 80 produtos competitivos
exportados pelo Brasil, principalmente agrícolas, enfrentam
algum tipo de proteção no mercado dos EUA.
Na OMC (Organização Mundial do Comércio),
o Brasil ganhou com ampla repercussão internacional a disputa contra subsídios que os
americanos pagam aos produtores de algodão. O resultado
gerou conseqüências até para a
paralisada Rodada Doha. Mas o
governo brasileiro anda descontente com a demora de
Washington para implantar as
mudanças exigidas pela OMC.
Outro problema recorrente
são as cotas e salvaguardas impostas pelo Departamento de
Comércio americano a produtos brasileiros, principalmente
os siderúrgicos, por causa da rígida (e injusta, na visão do Itamaraty) legislação antidumping americana. Mas o governo
dos EUA também tem reclamações e anualmente faz o Itamaraty tremer quando revisa a Super 301, "lista negra" onde estão relacionados países que supostamente não cumprem as
exigências de propriedade intelectual e estão, portanto, sujeitos a sanções comerciais.
De acordo com o novo embaixador do Brasil em Washington, Antonio Patriota, que
assume o posto nesta semana,
as reuniões de consultas bienais em nível de subsecretários,
que foram criadas na visita ao
Brasil da secretária de Estado
americana, Condoleezza Rice,
em abril de 2005, devem passar
a ocorrer três vezes por ano.
"Isso deve ajudar não somente a resolver os problemas como a explorar novas oportunidades", disse antes de embarcar para Washington.
Seu antecessor, o ex-embaixador Roberto Abdeneur, que
deixou o posto em janeiro, concedeu uma polêmica entrevista
à revista "Veja" em que acusou
a política externa de antiamericana. "Nos últimos anos, não
houve nenhuma instância de
pressão política. Só o veto da
venda de aviões Supertucanos
para a Venezuela, mas era algo
contra a Venezuela", disse Abdenur na Comissão de Relações
de Exteriores no Senado.
A grande divergência entre
os dois países é com relação à
formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
As conversas travaram em
2004 porque o Brasil se nega a
incluir temas como propriedade intelectual, investimentos e
comércio de serviços, por temer que essas regras tolham
sua capacidade de fazer políticas públicas e se transformem
em novas barreiras comerciais.
Sem esses itens, porém, os
americanos não querem saber
de nenhum tipo de acordo e já
disseram não duas vezes aos
convites do Itamaraty para fazer pacto com o Mercosul. Enquanto essas negociações não
evoluem, os EUA tentam fazer
acordos bilaterais com os países da América do Sul.
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