São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Os tambores

George W. Bush entrou em cena, apoiou Álvaro Uribe contra "manobras provocativas" de Hugo Chávez -e o noticiário anglo-americano disparou. A BBC agora aponta a "linguagem cada vez mais belicosa". O site da "Economist" destaca os "rumores de guerra". O "Guardian" fala em "ponto de fervura". O "New York Times", no segundo destaque, só abaixo das primárias, deu que a acusação colombiana de "bomba suja" dos guerrilheiros "representa escalada aguda na retórica". Nos vários textos, o conflito se restringe a Colômbia e Venezuela, com apoio velado à primeira.
Apoio mais aberto foi dado em editorial pelo "Wall Street Journal", justificando a invasão colombiana "por razões legítimas de autodefesa". Com o título "Os tambores de "guerra" de Chávez", o editorial pouco notou o Equador, concentrando-se na Venezuela.

economist.com
lemonde.fr


O TEATRO DE GUERRA
Dos canais mundiais de notícias ao "NYT", as operações no conflito ganham tratamento visual que as aproximam da cobertura de guerra. O site da "Economist" (esq.) destacou o ataque colombiano. O site do francês "Le Monde" indicou a movimentação de tropas pelo Equador e pela Venezuela

FRANÇA VS. EUA
Correu on-line, à noite, a informação de que a Colômbia sabia que Raúl Reyes era interlocutor da França na libertação de Ingrid Betancourt.
Ainda sem eco da notícia, "Le Figaro" e "Le Monde" diziam que o "tom cresce" e a "crise se agrava na América Latina". E o "Monde" destacava que uma fonte colombiana confirmou que a operação foi iniciada quando os serviços de informação dos EUA deram a localização de Reyes.

DECÊNCIA E O RUBICÃO
Já o espanhol "El País" seguiu a edição do colombiano "El Tiempo" e do venezuelano de oposição "El Universal", com manchete para a denúncia da Venezuela pela Colômbia, em Haia, por genocídio.
Em editorial, mais significativamente, o "El País" questionou Álvaro Uribe por "cruzar o Rubicão" ao entrar no Equador, mas focou o ataque em Hugo Chávez, que não teria "a decência mínima que se exige de um chefe de Estado".

ALTERNATIVAS
Nas manchetes do equatoriano "El Comercio" ao longo do dia, as alternativas à guerra, em enunciados como "Governo pede força multinacional de paz para cuidar da fronteira com a Colômbia". Da parte do Brasil, nas agências mas pouco além, os esforços -apoiados pelo Chile- por uma investigação da incursão militar colombiana.
Mas por aqui, enquanto isso, as Globos se voltavam ao fantástico -e fantasioso- envio de armas de Lula para Hugo Chávez, trombeteado pelo senador Arthur Virgílio.

"A CHINA EM ASCENSÃO"
prospect-magazine.co.uk

Dada de tempos em tempos como simpática à Venezuela, a China até acompanha a crise com atenção, por sua mídia estatal, sem tomar partido. O destaque ontem era de segurança, mas de outra ordem, com o salto no orçamento militar chinês e uma reação americana -e a ameaça, por Hu Jintao, de que ações "secessionistas" de Taiwan são "a maior ameaça à soberania da China".
E a nova edição da "Prospect" (acima) se voltou ao pensamento produzido hoje na China em "ascensão", com longo dossiê avaliando que a "classe intelectual" chinesa é, também aí, "um sério desafio à hegemonia ocidental".


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@ - Nelson de Sá



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