ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Mal esfriou o conflito dentro de Furnas Centrais Elétricas -desencadeado pela pressão do PMDB para substituir a direção do fundo de pensão Real Grandeza-, estourou uma crise no fundo de pensão dos ferroviários, a Refer, provocada pela tentativa de intervenção do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR-AM).
O ministro enviou carta ao presidente do conselho deliberativo da Fundação Refer, Kennedy Martins, sugerindo a substituição do presidente do fundo de pensão, Marco André Marques Ferreira, pelo aposentado da Rede Ferroviária Federal Alexandre Júlio Lopes de Almeida. O atual presidente foi nomeado há apenas três meses e tem mandato até 2011.
O ministro alega que Marco Ferreira foi nomeado "interinamente" e que ele tem prerrogativa legal para indicar um substituto. A troca do presidente depende de aprovação do conselho deliberativo da Refer. Metade dos conselheiros, eleita pelos ferroviários, rebelou-se contra a substituição.
Cerca de cem pessoas participaram ontem de um ato, em frente à Refer, no Rio, contra a iniciativa do ministro. Com discursos exaltados, sindicalistas prometeram resistir. ""Vai ter porrada", disse o presidente do sindicato dos empregados das entidades de previdência do Rio, Aristóteles Aroeira.
Ainda não foi marcada a reunião do conselho para examinar a recomendação do ministro. Com patrimônio de R$ 2,7 bilhões, a Refer (Fundação Ferroviária de Seguridade Social) reúne empregados e aposentados de oito empresas públicas de transporte ferroviário.

CPI
Depois da interferência do Palácio do Planalto, o PMDB decidiu congelar a proposta de criação de uma CPI para investigar os fundos de pensão. Porém, a ideia não está descartada caso o governo volte a acusar o partido de tentar controlar os fundos como no caso do Real Grandeza. O PMDB deve coletar assinaturas, mas não protocolar por ora o pedido na Mesa .