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Lago critica decisão do TSE e vê ameaças à eleição de 2010
Se tribunal não corrigir sentença, diz ele, Serra, Aécio e Dilma não poderão se candidatar
Pedetista diz que medida desrespeita a vontade do eleitor, mas ele espera que os ministros reexaminem o caso e anulem a condenação
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador do Maranhão,
Jackson Lago (PDT), cassado
na madrugada de ontem pelo
Tribunal Superior Eleitoral,
disse que espera que a decisão
seja "corrigida" pelos ministros. Caso contrário, afirmou
Lago, José Serra (PSDB), Aécio
Neves (PSDB) e Dilma Rousseff
(PT) não poderão ser candidatos à Presidência em 2010 porque estão viajando pelo país.
Os advogados de Lago devem
recorrer ao TSE com um recurso chamado "embargo de declaração". O objetivo declarado é
sanar dúvidas ou omissões do
julgamento, mas o que a defesa
quer de fato é devolver o comando do Estado a Lago.
O principal argumento dos
advogados será a suposta fragilidade de provas do uso da estrutura do Estado, prejudicando a segunda colocada nas eleições de 2006, a senadora Roseana Sarney (hoje no PMDB).
Lago fica no cargo até o julgamento desses recursos.
FOLHA - Como o sr. avaliou o julgamento de ontem no TSE?
JACKSON LAGO - Não deixou de
ser uma surpresa. Mas, conversando com os advogados, eles
observaram que há alguns
equívocos. Fui incriminado
porque fui à festa de aniversário do município de Codó, em
abril de 2006, muito antes das
convenções partidárias, que
são em junho. Nesta linha, nem
o governador [José] Serra
[PSDB], nem o governador Aécio Neves [PSDB] nem a ministra Dilma [Rousseff, do PT] poderão ser candidatos [ao Planalto] porque estão viajando.
FOLHA - O TSE está impedindo os
políticos de fazerem política?
LAGO - Há uma expressão em
voga que é a judicialização da
política. Há quem ache que a
Justiça Eleitoral está tendo papel mais avançado porque o
Congresso Nacional deixou de
tomar decisões e de oferecer
estruturas legais. Acho que é
importante que haja zelo pelo
processo eleitoral, mas que não
apequene a vontade do eleitor.
FOLHA - Foi o que houve ontem?
LAGO - Está sendo desrespeitada [a vontade do eleitor]. Mas
acreditamos que os equívocos
sejam corrigidos pelos ministros. Reexaminar e corrigir o
erro também é da natureza humana.
FOLHA - O fato de o sr. ter disputado a eleição contra a família Sarney
influenciou a decisão do tribunal?
LAGO - A partir de 1985, os Estados vizinhos fizeram alternância de poder, mas o Maranhão, não. Desde então o dr.
[José] Sarney sempre continuou no poder. Em 2002, tive
42% dos votos para governador, e o candidato do Sarney,
48%. Mas o Sarney conseguiu
em Brasília anular os votos de
quem tinha 5% [Ricardo Murad teve os votos anulados].
Com isso não teve segundo turno. Poderíamos ter chegado ao
governo em 2002. Em 2006,
vencemos a mais importante
joia da coroa, a própria filha dele [senadora Roseana Sarney], e
isso para eles é inaceitável.
FOLHA - Na hipótese de a decisão
não ser modificada, o sr. pensa em
disputar o governo em 2010?
LAGO - Eu estou a serviço de
uma causa. Se na época da eleição puder ser útil, serei um militante firme.
FOLHA - A cassação muda alguma
coisa no seu governo?
LAGO - Não, não muda nada.
FOLHA - Mas causa preocupação?
LAGO - Sem dúvida alguma. Se
este afastamento acontecer,
não podemos deixar que se crie
um clima de desesperança na
população, de que os poderosos
conseguem tudo. Não podemos
voltar ao tempo em que não se
tinha esperança.
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