São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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Lago critica decisão do TSE e vê ameaças à eleição de 2010

Se tribunal não corrigir sentença, diz ele, Serra, Aécio e Dilma não poderão se candidatar

Pedetista diz que medida desrespeita a vontade do eleitor, mas ele espera que os ministros reexaminem o caso e anulem a condenação


SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

O governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), cassado na madrugada de ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral, disse que espera que a decisão seja "corrigida" pelos ministros. Caso contrário, afirmou Lago, José Serra (PSDB), Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) não poderão ser candidatos à Presidência em 2010 porque estão viajando pelo país.
Os advogados de Lago devem recorrer ao TSE com um recurso chamado "embargo de declaração". O objetivo declarado é sanar dúvidas ou omissões do julgamento, mas o que a defesa quer de fato é devolver o comando do Estado a Lago.
O principal argumento dos advogados será a suposta fragilidade de provas do uso da estrutura do Estado, prejudicando a segunda colocada nas eleições de 2006, a senadora Roseana Sarney (hoje no PMDB). Lago fica no cargo até o julgamento desses recursos.

 

FOLHA - Como o sr. avaliou o julgamento de ontem no TSE?
JACKSON LAGO
- Não deixou de ser uma surpresa. Mas, conversando com os advogados, eles observaram que há alguns equívocos. Fui incriminado porque fui à festa de aniversário do município de Codó, em abril de 2006, muito antes das convenções partidárias, que são em junho. Nesta linha, nem o governador [José] Serra [PSDB], nem o governador Aécio Neves [PSDB] nem a ministra Dilma [Rousseff, do PT] poderão ser candidatos [ao Planalto] porque estão viajando.

FOLHA - O TSE está impedindo os políticos de fazerem política?
LAGO
- Há uma expressão em voga que é a judicialização da política. Há quem ache que a Justiça Eleitoral está tendo papel mais avançado porque o Congresso Nacional deixou de tomar decisões e de oferecer estruturas legais. Acho que é importante que haja zelo pelo processo eleitoral, mas que não apequene a vontade do eleitor.

FOLHA - Foi o que houve ontem?
LAGO
- Está sendo desrespeitada [a vontade do eleitor]. Mas acreditamos que os equívocos sejam corrigidos pelos ministros. Reexaminar e corrigir o erro também é da natureza humana.

FOLHA - O fato de o sr. ter disputado a eleição contra a família Sarney influenciou a decisão do tribunal?
LAGO
- A partir de 1985, os Estados vizinhos fizeram alternância de poder, mas o Maranhão, não. Desde então o dr. [José] Sarney sempre continuou no poder. Em 2002, tive 42% dos votos para governador, e o candidato do Sarney, 48%. Mas o Sarney conseguiu em Brasília anular os votos de quem tinha 5% [Ricardo Murad teve os votos anulados]. Com isso não teve segundo turno. Poderíamos ter chegado ao governo em 2002. Em 2006, vencemos a mais importante joia da coroa, a própria filha dele [senadora Roseana Sarney], e isso para eles é inaceitável.

FOLHA - Na hipótese de a decisão não ser modificada, o sr. pensa em disputar o governo em 2010?
LAGO
- Eu estou a serviço de uma causa. Se na época da eleição puder ser útil, serei um militante firme.

FOLHA - A cassação muda alguma coisa no seu governo?
LAGO
- Não, não muda nada.

FOLHA - Mas causa preocupação?
LAGO
- Sem dúvida alguma. Se este afastamento acontecer, não podemos deixar que se crie um clima de desesperança na população, de que os poderosos conseguem tudo. Não podemos voltar ao tempo em que não se tinha esperança.


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