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ENERGIA POLÍTICA
Governo não responde à reportagem do "Washington Post"
Brasil é acusado de impedir inspeção de urânio pela ONU
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
O jornal americano "Washington Post" publicou ontem reportagem, com chamada na capa, dizendo que o Brasil proibiu inspetores da ONU de examinar instalação de enriquecimento de urânio que está em construção em
Resende (a 161 km do Rio).
Segundo o texto, cujo título é
"Brasil oculta instalações de urânio", a proibição foi confirmada
por diplomatas e autoridades brasileiras em Viena, sede da AIEA
(Agência Internacional de Energia Atômica). A assessoria do Ministério das Relações Exteriores
afirmou ontem que só deveria comentar o caso hoje, pois não fica
claro se o incidente tratado é recente ou é o mesmo já abordado
pelo ""The New York Times", em
dezembro último.
O Brasil, segundo o "Post",
proibiu a visita a instalações argumentando proteção a informações privadas. Defende que a instalação irá produzir urânio pouco
enriquecido para uso em fábricas,
não o urânio altamente enriquecido, usado para armas atômicas.
Apesar disso, diz o texto, o local
deveria ser submetido às inspeções para ficar claro que não está
sendo usado para a fabricação de
armas nucleares.
Especialistas ouvidos pelo
"Post" sustentam que, se a ONU
ou os Estados Unidos não insistirem nas inspeções, a política dos
norte-americanos para o Irã e a
Coréia do Norte, acusados de produzirem armas nucleares, pode ficar prejudicada. "Se nós não queremos esse tipo de instalações no
Irã ou na Coréia do Norte, nós
também não devemos querê-las
no Brasil", declarou ao jornal James Goodby, ex-negociador nuclear norte-americano.
Em dezembro, o ""NYT" fez a
mesma acusação. À época, o governo brasileiro afirmou que não
se recusa a nenhum tipo de inspeção da AIEA, já que é signatário
de acordos de não-proliferação.
A Folha apurou que não há disposição do governo brasileiro de
ceder aos pedidos da AIEA para
que mostre as centrífugas da
planta de enriquecimento isotópico pertencente à estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil).
As negociações com a AIEA
costumam ser duras, mas neste
caso o episódio ganha contornos
mais fortes por causa da situação
internacional conturbada, afirmou um funcionário da Comissão Nacional de Energia Nuclear
que dialoga com AIEA e que pediu para não ser identificado. Ele
diz que a ocultação das centrífugas não é surpresa para a AIEA,
que já fez oito visitas à fábrica desde o segundo semestre de 2003.
Segundo o funcionário, as equipes da AIEA disporiam de contrapartidas, como o acesso às fitas de
vídeo que registram a entrada e a
saída de material nuclear na fábrica. Ele chamou de "falaciosa" a
comparação da situação do Brasil
com a da Coréia do Norte e a do
Irã. "Irã e Coréia do Norte tinham
instalações não declaradas. A gente tem instalações declaradas."
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