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AGENDA NEGATIVA
Mulheres e parentes fazem ato durante a troca da bandeira
Famílias pedem reajuste para militares
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cerca de 700 familiares de militares promoveram ontem um
protesto por reajustes salariais na
praça dos Três Poderes, em Brasília, durante a a cerimônia da troca
da bandeira, que ocorre todos os
meses no local. Foi a primeira vez,
segundo a Polícia Militar, que
ocorreu uma manifestação durante a solenidade.
A maioria dos manifestante era
formada por mulheres de militares, principalmente cabos, praças
e sargentos. Pelas regras das Forças Armadas, militares da ativa
não podem fazer greve nem esse
tipo de protesto, que configura insubordinação.
Todas, com camisetas pretas,
superlotaram uma das duas arquibancadas de madeira erguidas
na praça. Houve panelaço e apitaço. No momento do Hino Nacional, as manifestantes deram as
mãos e cantaram em voz alta.
Durante a solenidade, elas ergueram faixas cobrando uma solução do governo federal. Alguns
dos dizeres: "Prefiro qualquer regime a morrer de fome nesta democracia" e "Morrer, se preciso
for. Ser humilhado, jamais". As
mulheres e os familiares dos militares também gritaram palavras
de ordem. Segundo a Polícia Militar, cerca de 3.000 pessoas assistiram à troca da bandeira, sendo
700 delas ligadas aos militares.
Os manifestantes, que não têm
nenhuma representação oficial
como sindicatos também por força das normas da corporação, pedem, além de benefícios, um reajuste linear emergencial de 30%
pelas perdas com a inflação entre
2001 e 2004. O último reajuste
ocorreu em dezembro de 2000.
Querem que o salário bruto de
um praça, por exemplo, passe dos
atuais R$ 153 para R$ 240.
Uma reunião entre o ministro
José Viegas (Defesa) e representantes dos militares deve ser agendada ainda na primeira quinzena
deste mês. "Hoje [ontem] é apenas um primeiro passo simbólico
para demonstrar a necessidade de
um aumento", disse o deputado
Jair Bolsonaro (PTB-RJ), ex-capitão do Exército e um dos organizadores do protesto de ontem.
A solenidade de ontem foi organizada pela Polícia Militar e pelo
Corpo de Bombeiros do Distrito
Federal. Nenhum comandante
das Forças Armadas nem Viegas
compareceram. Exército, Aeronáutica, Marinha e Polícia Militar
revezam na organização.
Generais e coronéis das Forças
Armadas também foram alvo dos
protestos. "Os generais estão
muito acomodados. E os coronéis
são piores, pois têm medo de defender claramente os reajuste para não comprar briga com seus
superiores", disse Neide Mara da
Silva, 39, mulher de um sargento
do Exército.
(EDUARDO SCOLESE)
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