São Paulo, quarta-feira, 05 de abril de 2006

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PAINEL

Pista dupla
Ao mesmo tempo em que se empenha para "delubizar" o ex-ministro Antonio Palocci, o governo mantém uma rede de proteção em torno de Jorge Mattoso e dos demais petistas da Caixa de algum modo envolvidos na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo.

Linha direta
Quem conhece Mattoso de outros Carnavais arrisca um palpite: ele dificilmente seguiria a instrução de Palocci para quebrar o sigilo sem antes conferir com mais alguém do governo se era mesmo para fazer o serviço.

De longa data
Ricardo Schumann, consultor da presidência da Caixa, encarregado de providenciar o extrato do caseiro, e Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete de Lula, trabalharam juntos na Prefeitura de Santo André.

Lipoaspiração
No relatório alternativo apresentado pelo PT na CPI dos Correios, a palavra "Lula" aparece 22 vezes. No texto "oficial" do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) foram 48 citações.

Ponto pacífico 1
O PT faz um barulho danado em seu relatório para dizer que o valerioduto começou em Minas, mas, na hora de tipificar a conduta de Eduardo Azeredo (PSDB), mantém o que escreveu Serraglio: crime eleitoral.

Ponto pacífico 2
O mesmo texto petista ataca Claudio Mourão com duas novas condutas: corrupção ativa e crime contra a ordem tributária. Para o senador, crime prescrito. Para o ex-tesoureiro do PSDB mineiro, a dureza da lei.

Seleção natural
Coube ao deputado Jorge Bittar (RJ) retirar do relatório do PT as menções ao Prece, o fundo de pensões da Cedae, a empresa de água do Rio de Janeiro. O petista alega que não havia relação entre uma empresa estadual e o objetivo da sub-relatoria.

Fim da agonia
Lula foi alertado por Renan Calheiros (PMDB-AL): se o relatório final da CPI dos Correios não for aprovado até dia 11, o entendimento da área jurídica do Senado será pela prorrogação automática da investigação. O presidente deu o sinal verde para a costura de um acordo.

Batendo cabeça
Poucos minutos depois de Aloizio Mercadante, em nome do governo, dar o aval do PT para a tentativa de negociação, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), subiu à tribuna da Casa para descer a lenha no peemedebista Osmar Serraglio, relator da CPI.

Lista no poste
PFL e PSDB prometem divulgar os nomes dos deputados que faltarem à sessão de hoje que analisará o pedido de cassação de João Paulo Cunha (PT-SP). A ausência equivale, na prática, a um voto aberto pela absolvição.

Pelos velhos tempos
Aliados de João Paulo dizem que o ex-presidente da Câmara conseguiu fechar o apoio dos evangélicos, do PL, do PP e do PTB pela sua absolvição, além de PT, PC do B e parte do PSB.

Jogo de empurra
O STF deve levar a plenário entre hoje e amanhã o recurso do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) contra sua cassação. A peça, na qual ele alega cerceamento de defesa, tramita desde dezembro e agora está com o ministro Cezar Peluso.

Ajuda externa
Surpresos com o lançamento de Itamar Franco à Presidência, os governistas do PMDB vêem o dedo de FHC na iniciativa, que pode relançar o debate da candidatura própria no partido.

Visita à Folha
Carlos Apolinario, líder da bancada do PDT na Câmara de São Paulo e pré-candidato ao governo do Estado, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Joaquim de Carvalho, assessor de imprensa.

TIROTEIO

Do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) sobre o ministro Tarso Genro ter afirmado que "nenhum governo foi tão investigado" quanto o atual:
-Por que será, hein?

CONTRAPONTO

Pequenas revoluções

O PSOL lançou o ex-petista Plínio de Arruda Sampaio, 75, ao governo de São Paulo ontem com um forte discurso do candidato contra o capitalismo, o neoliberalismo e a globalização.
Quando o anúncio da candidatura terminou, Plínio perguntou aos jornalistas se eles haviam recebido cópias de sua fala.
Em seguida, ele tirou um "pen drive" do bolso (pequeno aparelho eletrônico que transporta arquivos) e comentou:
-Este aparelhinho mudou a minha vida. Meu computador inteiro está dentro dele.
Não satisfeito, o candidato PSOL passou a discorrer sobre as vantagens da tecnologia para melhorar o dia-a-dia.
-Meu discurso, por exemplo, está no "pen drive"-, disse.
No final, ao perceber o espanto dos jornalistas, ainda impressionados com o discurso antiglobalizante, sorriu e disse:
- Este mundo mudou muito!


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