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FACTÓIDE FEDERAL
"Bomba", tumulto e blefe na capital
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A convocação da entrevista coletiva na qual foi dada a versão de
Antonio Palocci Filho para o episódio do sigilo, na realidade uma
grande operação de despiste, levou nervosismo aos meios políticos de Brasília ontem, gerando
uma onda de boatos como há
muito não se via na capital.
Tudo começou no fim da tarde.
Por volta das 16h, as redações foram avisadas de que o ex-presidente da OAB José Roberto Batochio concederia uma entrevista às
17h30 no hotel Meliá. Um assessor informou que Batochio havia
mandado avisar que divulgaria
uma "bomba", mas não sabia do
que se tratava.
Imediatamente a informação se
espalhou e cerca de 50 jornalistas
se apinharam no lobby do hotel,
aguardando Batochio. Blogs políticos, sites de notícias, jornalistas
e políticos só falavam do assunto.
E a palavra-chave na boca de todos era Marcelo Netto.
O ex-assessor de imprensa de
Palocci vinha sendo procurado
pela Polícia Federal para depor
sobre o caso desde a sexta-feira
passada. Nem amigos próximos
vinham tendo contato com o jornalista nos últimos dias.
Como é visto como o responsável pelo vazamento à revista
"Época" dos dados do sigilo do
caseiro pela polícia e pela CPI dos
Bingos, a equação foi fechada na
lógica política da capital: Netto,
acuado, iria "falar tudo" e contratou Batochio para tanto.
As atenções se voltaram imediatamente para Márcio Thomaz
Bastos, já que dois assessores seus
se encontraram com Palocci em
sua residência no dia da violação
do sigilo. Circulou então a informação de que o ministro da Justiça teria pedido demissão, alimentada pelo fato de Thomaz Bastos
não estar sendo encontrado em
Brasília depois de retornar do Rio.
A informação foi negada pelo
Palácio do Planalto, que também
ajudou a aumentar os rumores na
cidade ao divulgar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia cancelado uma viagem que faria ontem à noite para a Bahia,
sem esclarecer os motivos.
Lula acabou deixando o Planalto somente por volta das 22h,
após uma reunião com Bastos.
Com a demora na realização da
entrevista de Batochio, adentrando a noite, começou a circular a
informação de que advogado não
havia sido contratado por Netto, o
que acabou sendo confirmado.
Ele, na realidade, estava a serviço,
com o advogado José Roberto
Leal, do ex-ministro Palocci.
A operação para atrair a imprensa ao hotel visava esconder
uma estratégia dos advogados do
ex-ministro: a antecipação do depoimento de Palocci de hoje para
ontem à Polícia Federal, em sua
residência. Já Marcelo Netto foi
intimado ontem e deve depor hoje pela manhã na PF.
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