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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Por etapas
A idéia de anistiar os controladores de vôo que se
amotinaram na sexta passada tem simpatizantes no
governo e na base aliada. Seus defensores argumentam que seria a solução menos traumática do ponto
de vista institucional e mais segura para os passageiros, desde que o governo cumpra antes um roteiro para recompor sua relação com as Forças Armadas.
Primeiro, descreve um parlamentar empenhado na
pacificação, viriam os longos meses do inquérito militar sobre o caso, período durante o qual Lula teria,
além de arranjar um novo ministro da Defesa, cumprir ao menos em parte a promessa de destinar recursos para as Forças. Só então entraria em cena, pela
"via congressual", o projeto de anistia.
Lei geral. Quanto mais fraco o ministro da Defesa, mais satisfeitos os comandantes das Forças Armadas, que assim se entendem diretamente com o presidente da República. O problema de Waldir Pires foi ter passado do ponto.
Caso perdido. De Lula, em jantar com os senadores do PT, opinando que o Ministério da Defesa foi uma idéia que não funcionou nem no governo de Fernando Henrique, que criou a pasta, nem depois: "O Viegas não deu certo, o Zé Alencar não deu certo, o Waldir também não e, se colocar outro lá, não vai dar".
Foi ele. Lula elegeu o ex-comandante da Aeronáutica Luiz Carlos Bueno como vilão da crise aérea. Aos senadores petistas, repetiu diagnóstico feito na véspera aos integrantes de seu Conselho Político: o brigadeiro teria ficado de encaminhar medidas para solucionar o apagão, mas deixou o cargo sem nada ter feito.
Versalhes. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) chegou ao jantar da bancada com Lula brincando com os jornalistas que faziam plantão na porta. "A gente joga uns camarões pela janela para vocês."
Renda mínima. Pouco depois, a própria Ideli sugeriu a Eduardo Suplicy, o anfitrião, mandar alguns pratos da elogiada paella servida no jantar para os repórteres. Imediatamente os senadores apelidaram a iniciativa de "paella básica da cidadania".
Saia justa. No jantar Lula-PT, Aloizio Mercadante foi o
mais incisivo nas críticas à relação do Planalto com os senadores. Reclamou de Tarso
Genro por nunca ter se reunido com a bancada quando
coordenador político. Presente, o ministro da Justiça respondeu que conversava, sim,
com os líderes. "Não é o suficiente", retrucou o paulista.
Fogo amigo. Recebido
com festa até pelos carlistas
na Assembléia baiana, o ministro Geddel Vieira Lima
(Integração Nacional) pode
contar com a oposição do PT
local à transposição do São
Francisco. Nenhum deputado
da sigla compareceu à audiência sobre o tema, na terça.
Ninguém sai. Investidores italianos e coreanos, governo do Ceará e técnicos da
Petrobras decidiram fechar
questão na semana que vem-
com reuniões terça e quarta
em Fortaleza e quinta e sexta
no Rio- sobre o preço do gás a
ser fornecido para a siderúrgica de Pecém, principal fonte
de conflito dos irmãos Cid e
Ciro Gomes com o Planalto.
Bandeira branca. Após
declarar guerra a Roberto Requião (PMDB), o prefeito de
Curitiba, Beto Richa (PSDB),
faz de tudo para que o governador dê incentivos à Yokohama, empresa que vai construir uma fábrica de pneus no
país em 2008 para atender ao
Mercosul. Também estão na
disputa pelos 2.000 empregos
Araucária, Campinas e Rio.
Longo caminho. Nem os
defensores mais ardorosos da
fidelidade partidária esperam
que o STF siga a recente decisão do TSE. O mais provável,
dizem, é o Supremo se manifestar pela necessidade de
emenda constitucional.
Tiroteio
"A função de tesoureiro talvez seja a única que
Janene possa desempenhar mesmo
aposentado. Ele tem prática no assunto".
Do deputado ANDRÉ VARGAS (PT-PR), sobre a reeleição para o cargo de
tesoureiro nacional do PP do ex-deputado José Janene (PR), expoente
do escândalo do mensalão que acabou obtendo aposentadoria da Câmara sob alegação de ter problemas graves de saúde.
Contraponto
Sem alça
Dias antes de trocar o Ministério do Trabalho pelo da
Previdência, Luiz Marinho desembarcava em Brasília
quando foi abordado pelo sindicalista Antonio Raimundo,
conhecido pelo curioso apelido de Mala.
-Ministro, o senhor tem que baixar a portaria para regulamentar a hora de almoço dos peões!-, cobrou ele.
Marinho, ex-presidente da CUT, brincou:
-Sindicalista só sabe reclamar!
Insistente, Mala não deixou barato:
-O senhor deve se lembrar: sindicalista que não reclama é pelego, não é mesmo, ministro?
A portaria foi publicada cerca de uma semana depois.
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