São Paulo, quinta-feira, 05 de abril de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Por etapas

A idéia de anistiar os controladores de vôo que se amotinaram na sexta passada tem simpatizantes no governo e na base aliada. Seus defensores argumentam que seria a solução menos traumática do ponto de vista institucional e mais segura para os passageiros, desde que o governo cumpra antes um roteiro para recompor sua relação com as Forças Armadas.
Primeiro, descreve um parlamentar empenhado na pacificação, viriam os longos meses do inquérito militar sobre o caso, período durante o qual Lula teria, além de arranjar um novo ministro da Defesa, cumprir ao menos em parte a promessa de destinar recursos para as Forças. Só então entraria em cena, pela "via congressual", o projeto de anistia.

Lei geral. Quanto mais fraco o ministro da Defesa, mais satisfeitos os comandantes das Forças Armadas, que assim se entendem diretamente com o presidente da República. O problema de Waldir Pires foi ter passado do ponto.

Caso perdido. De Lula, em jantar com os senadores do PT, opinando que o Ministério da Defesa foi uma idéia que não funcionou nem no governo de Fernando Henrique, que criou a pasta, nem depois: "O Viegas não deu certo, o Zé Alencar não deu certo, o Waldir também não e, se colocar outro lá, não vai dar".

Foi ele. Lula elegeu o ex-comandante da Aeronáutica Luiz Carlos Bueno como vilão da crise aérea. Aos senadores petistas, repetiu diagnóstico feito na véspera aos integrantes de seu Conselho Político: o brigadeiro teria ficado de encaminhar medidas para solucionar o apagão, mas deixou o cargo sem nada ter feito.

Versalhes. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) chegou ao jantar da bancada com Lula brincando com os jornalistas que faziam plantão na porta. "A gente joga uns camarões pela janela para vocês."

Renda mínima. Pouco depois, a própria Ideli sugeriu a Eduardo Suplicy, o anfitrião, mandar alguns pratos da elogiada paella servida no jantar para os repórteres. Imediatamente os senadores apelidaram a iniciativa de "paella básica da cidadania".

Saia justa. No jantar Lula-PT, Aloizio Mercadante foi o mais incisivo nas críticas à relação do Planalto com os senadores. Reclamou de Tarso Genro por nunca ter se reunido com a bancada quando coordenador político. Presente, o ministro da Justiça respondeu que conversava, sim, com os líderes. "Não é o suficiente", retrucou o paulista.

Fogo amigo. Recebido com festa até pelos carlistas na Assembléia baiana, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) pode contar com a oposição do PT local à transposição do São Francisco. Nenhum deputado da sigla compareceu à audiência sobre o tema, na terça.

Ninguém sai. Investidores italianos e coreanos, governo do Ceará e técnicos da Petrobras decidiram fechar questão na semana que vem- com reuniões terça e quarta em Fortaleza e quinta e sexta no Rio- sobre o preço do gás a ser fornecido para a siderúrgica de Pecém, principal fonte de conflito dos irmãos Cid e Ciro Gomes com o Planalto.

Bandeira branca. Após declarar guerra a Roberto Requião (PMDB), o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), faz de tudo para que o governador dê incentivos à Yokohama, empresa que vai construir uma fábrica de pneus no país em 2008 para atender ao Mercosul. Também estão na disputa pelos 2.000 empregos Araucária, Campinas e Rio.

Longo caminho. Nem os defensores mais ardorosos da fidelidade partidária esperam que o STF siga a recente decisão do TSE. O mais provável, dizem, é o Supremo se manifestar pela necessidade de emenda constitucional.

Tiroteio

"A função de tesoureiro talvez seja a única que Janene possa desempenhar mesmo aposentado. Ele tem prática no assunto".
Do deputado ANDRÉ VARGAS (PT-PR), sobre a reeleição para o cargo de tesoureiro nacional do PP do ex-deputado José Janene (PR), expoente do escândalo do mensalão que acabou obtendo aposentadoria da Câmara sob alegação de ter problemas graves de saúde.

Contraponto

Sem alça

Dias antes de trocar o Ministério do Trabalho pelo da Previdência, Luiz Marinho desembarcava em Brasília quando foi abordado pelo sindicalista Antonio Raimundo, conhecido pelo curioso apelido de Mala.
-Ministro, o senhor tem que baixar a portaria para regulamentar a hora de almoço dos peões!-, cobrou ele.
Marinho, ex-presidente da CUT, brincou:
-Sindicalista só sabe reclamar!
Insistente, Mala não deixou barato:
-O senhor deve se lembrar: sindicalista que não reclama é pelego, não é mesmo, ministro?
A portaria foi publicada cerca de uma semana depois.


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