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Lula diz a senadores que CPI desmoraliza a Aeronáutica
Em jantar, presidente avisa que já ordenou a realização de sindicâncias na Infraero
Parlamentares consideram que medida é preventiva diante de provável instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito sobre crise aérea
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em jantar com senadores petistas anteontem à noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo já está realizando sindicâncias para
apurar denúncias de irregularidades na Infraero. Lula voltou a
dizer, segundo os senadores,
ser contra a criação da CPI.
Conforme relatos dos parlamentares, o presidente considera que a CPI seria uma desmoralização da Aeronáutica e
que o país não ganharia nada
em expor as "fragilidades" das
Forças Armadas numa investigação na Câmara. Os petistas
interpretaram a ação do governo -de fazer sindicâncias- como uma medida preventiva caso a CPI seja instalada.
No dia anterior, Lula havia
afirmado a líderes da base aliada que agora só resta esperar a
decisão da Justiça sobre a CPI.
No dia 21 de março, o plenário da Câmara arquivou o requerimento que criava a CPI
por 308 votos contra 141. A
oposição recorreu ao STF. Na
semana passada, o ministro
Celso de Mello concedeu liminar obrigando o presidente da
Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), a desarquivar o requerimento, mas esperar a análise
do mérito pelo tribunal.
Negócios da Infraero já são
investigados na CGU (Controladoria Geral da União) e no
TCU (Tribunal de Contas da
União), além de haver auditorias na própria estatal. O TCU
se limitou a investigar contratos de obras com valores acima
de R$ 250 milhões. Num deles,
encontrou superfaturamento
de mais de 80%. O governo teme que a CPI amplie as investigações para além do problema
dos controladores de vôo.
Mesmo com o debate sobre a
CPI sendo postergado para depois da Páscoa, o Congresso
não desistiu de pressionar o governo. O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito,
recebeu ontem três convocações simultâneas para depor na
próxima semana em instâncias
do Congresso, duas no Senado
e uma na Câmara.
Jantar
Durante o jantar, o presidente cobrou uma defesa mais veemente do governo no Congresso. Já a bancada se queixou de
falta de diálogo e de atenção
por parte do Planalto.
Após ouvir as reclamações e
prometer, outra vez, melhorar
a relação, Lula disse que vê na
TV Senado e na TV Câmara a
oposição fazer críticas e ofensas contínuas ao governo e se
pergunta onde está a base.
Disse ainda que, na bancada,
"dois ou três" fizeram a defesa
do governo nas horas difíceis,
em referência ao mensalão.
Anfitrião do jantar que contou com 11 dos 12 senadores da
bancada, o senador Eduardo
Suplicy (PT-SP) chegou a assinar, em 2005, o requerimento
de criação da CPI dos Correios.
O senador Delcídio Amaral
(PT-MS), também presente, foi
presidente da comissão e contrariou o governo ao atuar de
forma independente. Para se
redimir, Suplicy deu um beijo
em Lula no fim da noite.
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