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Direção do Senado não respeita limite mensal de passagens aéreas
Valor pago para cada congressista permite usar mais de cinco idas e voltas, como estabelece a regra; até senadores que moram em Brasília têm direito a bilhetes
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A norma do Senado regulamentando o uso de passagens
aéreas é ignorada pela direção
geral da Casa em pelo menos
mais um ponto, além do fretamento de jatos. O limite mensal
de cinco passagens de ida e volta para cada parlamentar (sete,
caso sejam da Mesa Diretora ou
líderes partidários) é constantemente desrespeitado. O que
levou a isso é um mistério até
para o comando do Senado.
Levantamento da Folha nos
valores das cotas mensais de
passagens pagas pelo Senado
mostra que elas são suficientes
para comprar muito além do limite estabelecido pelo artigo 1º
do ato 62 da Mesa, de 1988.
O diretor-geral do Senado,
Alexandre Gazineo, cujo órgão
tem a função de liberar as cotas, afirmou à reportagem que
"não sabe" como foram estabelecidos os valores. "Não tenho
essa informação. Talvez em alguns meses as cotas sejam
maiores por causa do saldo
acumulado. Mas não saberia
dizer com certeza", contou.
Diz a norma: "Fica o diretor-geral do Senado autorizado a
requisitar das empresas de
transportes aéreos, mensalmente para cada senador, cinco
bilhetes de passagem".
Na última quinta-feira, a Folha revelou que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) usa as
sobras de suas cotas de passagem para fretar jatos, o que não
está previsto na norma.
A cada 30 dias, cada senador
recebe uma cota de passagens
aéreas, dependendo do Estado.
Os dados foram levantados pela
Folha com os senadores, já que
a direção da Casa não os forneceu. Os valores das cotas variam de R$ 9.171,98, em Goiás,
a R$ 18.737,44, em Roraima.
Uma pesquisa no site das
principais empresas aéreas do
país -a TAM e a Gol- mostra
que os valores liberados mensalmente são suficientes para
um número de passagens ida e
volta, desde Brasília, que pode
chegar a 23 no caso de Goiás.
Na outra ponta, os senadores
do Espírito Santo podem comprar com sua cota nove passagens de ida e volta por mês
-número maior que o estabelecido regimentalmente.
Além disso, senadores de
Brasília têm direito a uma cota
de passagens aéreas "especial",
de R$ 4.705,72, mesmo sem
precisar voar para seus Estados
de origem. A justificativa é que
eles eventualmente têm de
participar de atividades políticas em outras regiões.
A Folha usou como critério
de cálculo a tarifa média apresentada pelas empresas, desconsiderando eventuais tarifas
promocionais -em outras palavras, o cálculo é conservador.
A conclusão é que frequentemente as cotas mensais acumulam, o que abre caminho para que o saldo seja usado para
aluguel de jatos. Tasso e pelo
menos mais quatro senadores
agiram assim. São eles: Heráclito Fortes (DEM-PI), Mário
Couto (PSDB-PA), Mão Santa
(PMDB-PI) e Jefferson Praia
(PDT-AM).
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