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Juiz diz que "aloprado" levou mala de dinheiro
Petista nega ter transportado R$ 1,7 milhão que seria usado para comprar dossiê contra tucanos em 2006
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
Um documento da Justiça
Federal afirma que o petista
Hamilton Lacerda é o homem
da mala de dinheiro no caso do
dossiê contra tucano -o episódio que manchou a campanha
de reeleição de Lula em 2006.
Ontem a Folha revelou que o
petista virou fazendeiro no sul
da Bahia. Ele administra capital social de R$ 1,5 milhão.
Lacerda, que sempre negou
ter transportado mala de dinheiro, já era acusado pela Polícia Federal, mas nenhuma
manifestação do juiz do caso tinha vindo à tona ainda.
A Folha teve acesso a uma
decisão de 2009 de Jefferson
Schneider, da 2ª Vara Federal
de Cuiabá (MT), que diz "existir evidência suficiente" de que
o petista levou R$ 1,7 milhão a
um hotel em São Paulo.
O dinheiro foi entregue a um
funcionário da campanha de
Lula para a compra do dossiê
para envolver o ex-governador
José Serra (PSDB) com fraudes
na venda de ambulâncias.
A transação não deu certo
pois a PF apreendeu o dinheiro
e abriu inquérito, mas nunca
descobriu a origem da quantia.
Para o juiz, as evidências contra Lacerda são as imagens das
câmeras do hotel que o mostram entregando o dinheiro.
O entendimento da Justiça
contradiz lideranças petistas,
que avalizaram, em fevereiro, a
volta de Lacerda ao partido. O
argumento foi o de que não havia provas contra ele no caso.
Bem de vida, Lacerda e os demais "aloprados", como Lula
chamou os envolvidos no episódio, vivem despreocupados
com a investigação do dossiê.
O inquérito do caso repousa
na Procuradoria da República
em Mato Grosso, que, em
2009, para tentar descobrir a
origem do dinheiro, pediu à
Justiça nova quebra de sigilo
telefônico de quem manteve
contato com Lacerda na época.
O juiz negou o pedido, alegando que há provas de que Lacerda levou o dinheiro ao hotel.
A Procuradoria estuda denunciá-lo mesmo sem apontar a
origem do valor apreendido.
O petista já foi indiciado em
2006 por lavagem de dinheiro.
Procurado, Lacerda não quis
falar com a Folha. Na época do
caso, admitiu ter estado no hotel, mas disse que na mala não
havia dinheiro, só notebook,
roupas, material de campanha
do PT e boletos bancários para
contribuição de campanha.
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