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Partidos pedem "lei do silêncio" em ato oficial
PT e PSDB vão blindar Dilma e Serra e pedir que os candidatos se calem em palanques durante os eventos de governo
Embora haja entendimento de que as presenças deles não sejam infração à Lei Eleitoral, partidos querem evitar eventuais punições
Sérgio Lima - 13.jan.2010/Folha Imagem
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Jobim, que disse que a capacidade de Lula de transferir votos para Dilma ainda é um "problema"
FÁBIO ZAMBELI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
PT e PSDB devem impor a
Dilma Rousseff e José Serra
uma espécie de "lei do silêncio"
em suas incursões por eventos
oficiais a partir desta semana.
Embora haja entendimento
consensual de que as presenças
de ambos (agora ex-ministra e
ex-governador, respectivamente) nos palanques não configurem infração à Lei Eleitoral, os advogados dos dois partidos preferem blindar os pré-candidatos de avaliações "subjetivas" dos ministros do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral).
De olho na popularidade do
presidente Lula, Dilma deverá
comparecer "comedidamente"
até junho a solenidades do governo federal como convidada,
especialmente inaugurações
relacionadas a programas dirigidos por ela em sua gestão na
Casa Civil - como o PAC, o Minha Casa, Minha Vida e o pré-sal (ela integrou o conselho de
administração da Petrobras).
Para legitimar sua inserção
na agenda de Lula, o partido recorre a parecer emitido pela
AGU (Advocacia-Geral da
União), que avalizou a ida de
Dilma a solenidades oficiais,
mas se cerca de cuidados adicionais para protegê-la.
"Aquele parecer da AGU não
significa que esse será o entendimento da Justiça Eleitoral.
Não vale a pena ficar levando a
ministra para eventos do governo. Situações em que ela tenha tido grande influência e eu
acho que se justificam", diz o
presidente do PT, José Eduardo Dutra.
"Tem que ter cautela, até
porque ela não vai poder falar.
No máximo, poderá ser citada",
acrescenta o petista.
O núcleo jurídico da campanha de Serra também adota
discurso prudente quanto ao
tucano, que ainda avalia a possibilidade de comparecer nos
próximos meses a inaugurações de obras iniciadas em sua
gestão à frente do Palácio dos
Bandeirantes. "A orientação interna que tenho dado é a mais
restritiva possível. Seguinte:
nenhum pré-candidato pode
subir em palanque oficial. É irregular. Ex-presidente, ex-governador, o que quer que seja",
afirma o advogado do PSDB,
Ricardo Penteado.
A "censura" aos discursos
dos pré-candidatos nos palanques é respaldada pelo Ministério Público, que promete punir
abusos no período que antecede as convenções partidárias.
"Não chegaria ao extremo de
dizer que ele [pré-candidato]
não poderia ir ao evento, porque aí seria exagerado. Mas,
mudo e calado. E se alguém falar dele, a tendência é que seja
propaganda antecipada", diz
Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, procurador regional eleitoral de São Paulo.
O artigo 36-A da Lei 12.034
colabora para a "nebulosa" avaliação dos limites impostos a
cada postulante a cargo eletivo
em outubro. Ela apenas menciona casos em que se caracteriza a propaganda antecipada.
Ante o vácuo, as recorrentes
aparições de Dilma e Serra em
atos oficiais de governo contrariam ainda, na opinião dos procuradores eleitorais, o princípio da isonomia entre os postulantes ao Planalto.
"O pré-candidato que aparece muito, que está em todas as
inaugurações, as pessoas vão se
lembrar dele com mais facilidade. Alguns políticos não podem
ter mais oportunidades de aparecer que outros", sustenta a
subprocuradora-geral da República, Sandra Cureau.
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