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"O Brasil real não é o da esperteza", diz presidente
ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RIBEIRÃO PRETO
O presidente Fernando Henrique Cardoso, que esteve ontem
em Ribeirão Preto (SP), não falou
com jornalistas, mas em seu discurso disparou uma farpa à imprensa e aos políticos, sem citar
nomes ou casos específicos.
"Lamento pelos brasileiros, sobretudo os que escrevem, que não
andem tanto quanto eu posso andar para verem o que está acontecendo no Brasil real. O Brasil real
não é o da falta de vergonha, da
mentira, da esperteza, da infâmia
ou aquele que fica o tempo todo
tratando de destruir o outro. O
Brasil real é aquele que acredita
nele próprio."
Cercado por dois ministros e os
governadores tucanos Geraldo
Alckmin (SP) e Dante de Oliveira
(MT), disse que não há divergência entre o governo e oposição na
defesa dos interesses nacionais na
questão do livre comércio.
A declaração sobre o livre comércio, feita durante visita à feira
de tecnologia agrícola Agrishow,
foi precedida de elogios do prefeito de Ribeirão Preto, Antonio Palocci Filho, do PT, à afirmação de
que o governo vai quebrar patentes sempre que for necessário para o bem-estar e a saúde dos brasileiros. A questão das patentes foi
destacada por FHC anteontem,
na visita à Expozebu, em Uberaba
(MG), respondendo a um relatório do governo dos EUA que acusou o Brasil de usar a Aids para
justificar seu protecionismo.
O presidente reafirmou que o
governo vai discutir questões relacionadas a patentes, antidumping e todos os mecanismos que
podem ser de bom ou mau uso.
"Não queremos nos colocar à
margem. Queremos que haja um
compromisso de que a utilização
desses instrumentos será feita a
partir de regras que tenham sido
aprovadas por todos nós."
Ele disse ainda que na globalização não existe a possibilidade de o
Brasil se fechar. "É preciso ter a
inteligência, a competência e a firmeza para defender os interesses
nacionais no mercado." FHC repetiu em Ribeirão o tom otimista
utilizado anteontem por ele e pelo
ministro da Agricultura, Pratini
de Morais, na abertura da Expozebu. Segundo ele, os recordes da
safra, a expansão da área agrícola
do país, os aumentos de financiamentos a produtores e a queda da
inadimplência no setor mostram
que a política agropecuária está
no caminho certo.
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